A analista internacional Laila Tajeldine, em entrevista à Sputnik, disse acreditar que a conversa entre o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e o político venezuelano autodeclarado presidente interino, Juan Guaidó, demonstra que o governo de Joe Biden continuará usando o ex-deputado venezuelano em uma tentativa de "roubar todos os recursos" de que a Venezuela dispõe no exterior.
Na terça-feira (2), Blinken conversou por telefone com Guaidó e reiterou que o governo dos Estados Unidos apoia a pressão sobre o presidente Nicolás Maduro, com aliados como a União Europeia, o Grupo de Lima, a Organização dos Estados Americanos (OEA) e o Grupo de Contato Internacional.
"Os Estados Unidos seguem completamente a Citgo [subsidiária da Petróleos de Venezuela], que ainda está em trâmite judicial, e a figura de Guaidó lhe permite reter ativos venezuelanos no exterior", afirmou a analista, que também acredita que o venezuelano será descartado após os EUA alcançarem seus objetivos.
Para Tajeldine, a posição de Washington não surpreende Caracas, pois antes da posse de Biden, o atual secretário de Estado já havia dito que continuaria apoiando a política assumida pelo ex-presidente Donald Trump.
Em janeiro, Maduro declarou expectativas de mudança nas relações com os norte-americanos "com base no respeito mútuo, no diálogo, na comunicação e na compreensão" após a chegada de Biden à presidência.
No entanto, a analista considerou que nos EUA existe um setor que não apoia a proposta de Maduro, porque aposta na desestabilização da Venezuela para se apoderar de seus recursos.
"O lobby econômico dos Estados Unidos opta antes pela desestabilização ou destruição das instituições e do Estado na Venezuela, e esse lobby é o que está dizendo que uma Venezuela destruída é mais conveniente, um Estado falido ao qual podem chegar por meio de intervenção e roubar todos os recursos", racionaliza Laila Tajeldine.
Em seu diálogo com Guaidó, Blinken também destacou a "importância de um retorno à democracia na Venezuela por meio de eleições livres e justas". Nesse sentido, a analista internacional destacou que a convocação de eleições se apresenta como um discurso repetitivo e desgastado utilizado pelos EUA para ganhar tempo e justificar suas ações na tentativa de usurpação dos bens do país sul-americano.
O governo venezuelano reiterou que os Estados Unidos roubaram mais de 30 bilhões de dólares com a imposição de medidas coercitivas, o que o impede de qualquer tipo de financiamento. O Executivo venezuelano pediu o cancelamento das sanções econômicas para enfrentar a pandemia da COVID-19 e poder obter gratuitamente vacinas, suprimentos e medicamentos.