Em 2008, o Pentágono comprou 20 aeronaves de carga G222 da companhia Alenia North America para o governo do Afeganistão.
No entanto, os aviões não eram muito fiáveis, com longos atrasos para garantir a entrega de peças de reposição, problemas de manutenção e inúmeras queixas de pilotos afegãos sobre a sua segurança, de acordo com um relatório do inspetor-geral especial para a Reconstrução do Afeganistão (SIGAR), citado pela NBC News.
Mais tarde, o programa foi suspenso e, em 2014, as aeronaves foram desmanteladas e enviadas para sucata, tendo, segundo aponta o relatório, sido vendidas por apenas US$ 40.257 (R$ 229 mil).
O documento obtido pela NBC News revela que nem o ex-general da Força Aérea dos EUA que esteve envolvido no projeto, nem a empresa que vendeu as aeronaves defeituosas ao Pentágono, foram alvos de qualquer ação judicial na sequência deste programa, avança o inspetor-geral.
"Infelizmente, ninguém envolvido no programa foi responsabilizado pelo fracasso do programa G222", lê-se no relatório.
As autoridades federais dos EUA tentaram instaurar um processo contra a empresa contratante, a Alenia, por possível fraude contratual e outras violações, e responsabilizar o ex-general da Força Aérea envolvido na aquisição, de acordo com o relatório do inspetor-geral.
Em 2016, o Departamento de Justiça aceitou iniciar um processo, mas disse ao SIGAR em maio de 2020 que seria difícil ter sucesso, uma vez que o governo dos EUA aceitou a entrega das aeronaves apesar das evidentes violações dos requisitos do contrato.
O documento diz ainda que as aeronaves não eram adaptadas para voar no terreno montanhoso do Afeganistão e que as falhas dos aviões levaram a acidentes "quase fatais".