Diplomatas da União Europeia se mostraram reticentes em relação à tentativa dos EUA de confrontarem a China, escreve na sexta-feira (12) a agência Reuters.
Apesar de alguns ministros das Relações Exteriores europeus, que em fevereiro participaram de conversa virtual com Antony Blinken, secretário de Estado dos EUA, terem falado de uma "festa de amor" durante o encontro, eles relataram não ter havido uma resposta direta quando Blinken disse: "Devemos responder juntos à China e mostrar força na unidade."
Citados pela Reuters, os ministros disseram que a UE estava "procurando um equilíbrio estratégico nas relações com Pequim e Washington, o qual garanta que o bloco não esteja tão intimamente aliado a uma das duas grandes potências do mundo a ponto de afastar a outra", e ao mesmo tempo, poder aumentar independentemente os laços com países na região do Indo-Pacífico, como Índia, Japão e Austrália.
Outro funcionário da UE na Ásia expressou preocupação com o fato de que os Estados Unidos tinham "uma agenda gaviã contra a China, o que não é nossa agenda".
Outra razão para a reserva dos chanceleres da UE ocorre por esperarem uma explicação mais clara sobre a política chinesa a ser conduzida pela atual administração em Washington.
"Perguntamos qual é a estratégia da China e eles dizem que ainda não a têm", explicou um funcionário da UE na Ásia.
Convergência parcial
No entanto, os representantes do bloco europeu disseram que esperavam concluir em abril um plano com maior presença no Indo-Pacífico, que incluiria colocar mais especialistas militares em missões diplomáticas na Ásia, treinar Guardas Costeiras e enviar mais pessoal militar da UE para servir em navios australianos patrulhando o oceano Índico, além de ajuda ao desenvolvimento, comércio e diplomacia.
Além disso, a Alemanha pretende enviar uma fragata alemã ao mar do Sul da China em agosto. Os diplomatas europeus também pretendem sancionar com proibições de viagens e congelamento de bens quatro oficiais chineses e uma entidade em 22 de março por supostas violações dos direitos humanos dos muçulmanos uigures na China.
"Estamos traçando um terceiro caminho entre Washington e Pequim", disse outro enviado da UE na Ásia.
Em 2019, a UE assinou um acordo de livre comércio com o Japão, na época, o maior de sempre assinado no mundo, que foi suplantado em 2020 pelo Acordo Abrangente e Progressivo para a Parceria Transpacífica (CPTPP, na sigla em inglês) entre a China e mais 14 países da região Indo-Pacífico.
Além disso, a UE está negociando um acordo de livre comércio com a Austrália, e desenvolverá com a Índia relações bilaterais no Indo-Pacífico, disse a Reuters.