Argentina pede fim do colonialismo após Reino Unido reafirmar presença militar nas ilhas Malvinas

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Homem segurando bandeira argentina com imagem das ilhas Malvinas (foto de arquivo) - Sputnik Brasil, 1920, 17.03.2021
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O impasse pela soberania das ilhas Malvinas, iniciado no século XIX, é retomado após a publicação de uma nova versão da política de segurança, defesa, desenvolvimento e política exterior do Reino Unido, de autoria do primeiro-ministro Boris Johnson.

O Ministério das Relações Exteriores da Argentina reiterou, nesta terça-feira (16), sua reivindicação da soberania das ilhas Malvinas, em resposta ao documento publicado pelo governo britânico, no qual este reafirma a presença militar no arquipélago.

O documento publicado, designado "Grã-Bretanha Global em Uma Era Competitiva. Revisão Integrada de Segurança, Defesa, Desenvolvimento e Política Exterior", tem mais de 100 páginas e foi a primeira revisão da política externa e de segurança do país após o Brexit. O Reino Unido afirma que manterá uma "presença permanente" de suas forças militares nas ilhas Malvinas, na ilha de Ascensão e no Território Britânico do Oceano Índico.

Hoje publicamos a Revisão Integrada - o estudo mais abrangente da política externa e de segurança nacional do Reino Unido em décadas. Faz tudo parte de nossa visão para unir e elevar o nível de nosso país

Por sua vez, a Argentina declarou em nota oficial que o Reino Unido "deve ouvir" a comunidade internacional e reforçou que o diálogo bilateral é a melhor forma de resolver disputas quanto à soberania, especialmente no caso das ilhas Malvinas. A Argentina alerta que as considerações postuladas pelo governo de Boris Johnson "reiteram a visão colonialista tradicional do Reino Unido sobre as ilhas Malvinas e o conjunto das possessões britânicas pelo mundo" e que "para a Argentina não expressam nenhuma novidade em relação à política colonial britânica".

Ante a apresentação do primeiro-ministro britânico Boris Johnson, a República Argentina exorta o Reino Unido a ouvir a comunidade internacional, que promove o fim do colonialismo, e a retomar o diálogo sobre a questão das Malvinas.

"Sob o argumento não reconhecido pelas Nações Unidas de defender o 'direito à autodeterminação', o Reino Unido mantém sua presença ilegítima no Atlântico Sul, com o objetivo de se apropriar das riquezas que ali existem e controlar tanto o acesso à Antártica quanto à passagem oceânica entre o Atlântico e o Pacífico", afirmou o chanceler argentino, Felipe Solá.

Da mesma forma, assinala que a Argentina tem repetidamente denunciado "que um dos principais objetivos do Reino Unido é manter uma base militar nas Malvinas", e expressou que esta é uma "circunstância que os países do Atlântico Sul da América Latina e da África que compõem a Zona de Paz do Atlântico Sul (ZPCAS) encaram como uma ameaça para toda a região".

O Reino Unido também anunciou o aumento de seu orçamento de Defesa em 6,6 bilhões de libras (cerca de R$ 52 bilhões) "nos próximos quatro anos em áreas como o espaço, cibernética, tecnologias quânticas, bioengenharia, armas de energia dirigida e mísseis avançados de alta velocidade".

Apesar da declaração sobre o território em disputa, o Reino Unido reafirma que continuará a "aprofundar os laços" com alguns países da região como o Brasil e o México, bem como com a Argentina, Chile e Colômbia, para "apoiar" os seus interesses.

Em meados de 2019, o Comitê de Descolonização da ONU pediu aos governos da Argentina e do Reino Unido que retomassem as negociações para uma solução pacífica da disputa pela soberania das ilhas Malvinas, iniciada desde a ocupação britânica em 1833.

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