A especialista avalia que a medida é necessária para que, em um cenário de pandemia, os brasileiros consigam manter pelo menos um padrão razoável de consumo. Com os preços em disparada no supermercado, o alto desemprego e o receio provocado pela recessão econômica, o consumo do país está em baixa. Como consequência, a economia brasileira está em declínio.
"A população precisa garantir o mínimo de poder de compra, e ter segurança em seu dinheiro, para ter uma vida não igual à que a gente tinha antes, mas um pouco mais próxima. Essa é a maior pressão, hoje, da sociedade", disse Inhasz, em entrevista à Sputnik Brasil nesta quarta-feira (17).
Inhasz destaca também que houve uma grande pressão do mercado financeiro para que a taxa de juros fosse elevada. Em comparação com momentos recentes da economia brasileira, a taxa atual é ainda "muito baixa" – em 2015, por exemplo, a taxa Selic chegou a 14,25%. Por conta disso, o investimento financeiro, especialmente em renda fixa, vinha sendo pouco rentável.
Apesar da pressão do mercado, no entanto, a economista acredita que esta não foi a principal motivação para a elevação da taxa.
"Este ajuste vai além da vontade do mercado. Vai de encontro à necessidade da população", avalia Inhasz.
A especialista destaca, no entanto, que o efeito da taxa Selic sobre a taxa de inflação é demorado: ou seja, o brasileiro deve demorar a ver os preços no mercado mais baixos novamente. Junto com a taxa de juros, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central divulgou nesta quarta-feira (17) as estimativas sobre a inflação brasileira: 5% para 2021 e 3,5% para 2022.
Investimentos devem cair junto com a inflação
Por outro lado, uma taxa de juros mais elevada significa que o Brasil deve ter um investimento menor no lado produtivo da economia, uma vez que o custo do crédito fica mais alto. Como consequência, investir em máquinas, equipamentos e fábricas se torna mais arriscado.
Para a economista, este é um sinal de preocupação, já que o investimento no Brasil já era "muito baixo". Se a pandemia já era um obstáculo para investir, os juros mais altos são mais um entrave. Apesar da preocupação, Inhasz avalia que este é um risco "contornável".
"Hoje, de fato, a taxa de inflação alta é um problema maior para sociedade. Esta redução eventual do investimento pode ser contornada à medida que o governo consiga evoluir em reformas e ajustar a economia no lado fiscal", avalia Inhasz.
Além de uma eventual queda na inflação, boa parte dos brasileiros terá na prorrogação do auxílio emergencial um alento em meio à recessão econômica causada pela pandemia. De acordo com o ministro da Economia Paulo Guedes, o valor médio do benefício será de R$ 250.