Quanto ao Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês), o ministro das Relações Exteriores iraniano reconfirmou a prontidão do Irã de seguir o acordo "assim que os Estados Unidos começarem a cumprir".
"Agora nós desejamos voltar ao cumprimento [do JCPOA]. A parte que começou este processo [de descumprimento] deve voltar e o Irã vai voltar imediatamente", afirmou Zarif ao Politico, referindo-se obviamente aos Estados Unidos.
Sobre a nação persa ainda não ter se sentado com os EUA para discutir o assunto, o ministro acusou Washington de "usar pressão e coerção a fim de extrair novas concessões do Irã" quando se trata do acordo nuclear.
"Nós estamos prontos para concordar em uma coreografia, ou seja, que os EUA deem passos, e assim que confirmarmos que passos foram dados, podemos dar nossos passos. E o processo de verificação é muito óbvio para o Irã; a AIEA [Agência Internacional da Energia Atômica] vai verificar o que temos cumprido", ressaltou o diplomata iraniano.
Zarif prometeu que a conformidade "não retardará" após Washington dar passo relevante para o cancelamento das sanções norte-americanas contra a República Islâmica. O chanceler iraniano avisou que se os Estados Unidos "continuarem cumprindo, significa que o Irã dará novos passos como é clara e transparentemente definido pela lei".
Anteriormente, o Parlamento iraniano aprovou uma lei que permite a Teerã expandir mais seu programa nuclear se os EUA não voltarem ao JCPOA.
"Não é um ultimato a ninguém. É a lei doméstica destinada ao governo do Irã, e nós devemos cumprir a lei", recordou Zarif.
Adicionalmente, o diplomata comentou a política conduzida pela administração Biden, considera por Zarif "exatamente a mesma" da administração Trump.
"Acho que os Estados Unidos estão em um processo de revisão política. Mas se estão em um processo de revisão política, não devem se retratar como se estivessem mudando sua política, porque não mudaram", notou.
Acordos por Oriente Médio mais pacífico estão 'sobre a mesa'
Quanto à atitude do Irã em relação a uma alegada aliança entre Israel e países do Conselho de Cooperação do Golfo, que inclui Bahrein, Kuwait, Omã, Qatar, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, o chanceler iraniano declarou que esta parceria pode afetar a segurança nacional dos indicados Estados.
"Alguns de nossos vizinhos no golfo Pérsico têm sempre tentado comprar segurança através de representantes. Uma vez, o representante deles foi [o ex-presidente do Iraque] Saddam Hussein, e mais recentemente foi Trump, e agora eles querem Netanyahu para ser representante deles. Obviamente, isso não funciona", afirmou o ministro, avisando que o primeiro-ministro israelense pode "levar guerra" aos territórios dos envolvidos.
O diplomata adicionou que "Benjamin Netanyahu mal consegue se manter fora da prisão, quiçá prover sozinho a segurança deles".
Por outro lado, Zarif sinalizou a prontidão de Teerã para conduzir negociações com vizinhos do golfo Pérsico, ressaltando que tais iniciativas iranianas como o acordo de segurança regional, o pacto de não agressão e a Iniciativa de Paz Ormuz "estão sobre a mesa".
Anteriormente neste ano, o comandante do Exército iraniano, Rear Admiral Alireza Tangsiri, anunciou que a República Islâmica "tem controle total" sobre o golfo Pérsico e que o país "domina todas as águas".