Apesar da temperatura fria natural do Alasca, o clima está quente entre os dois titãs mundiais em Anchorage, cidade que está sediando a rodada de reuniões entre a China e os Estados Unidos nos dias de ontem (18) e nesta sexta-feira (19).
No primeiro encontro cara a cara entre as nações desde a posse de Joe Biden, a agenda foi dominada por acusações e troca de farpas.
Os dois lados se acusaram mutuamente de quebrar o protocolo que norteia as negociações. Após fala inaugural do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, prevista para durar quatro minutos ter durado cinco, o diplomata chinês, Yang Jiechi, discursou por 23 minutos, enquanto a delegação norte-americana aguardava tradução simultânea.
O porta-voz do governo chinês, Zhao Lijian, declarou que esse momento seria "apenas o aperitivo inicial, a refeição principal ainda está por vir" e que não sentiu hospitalidade por parte dos anfitriões norte-americanos.
"Pensamos que este diálogo é uma boa oportunidade para fortalecer os contatos entre os países, resolver contradições e desenvolver a cooperação […]. O lado chinês compromete-se a uma abordagem franca e construtiva deste diálogo. Tendo chegado ao Alasca, a delegação chinesa sentiu não só o clima frio da região, mas também a [frieza] ética da atitude dos anfitriões norte-americanos para com os convidados. Este discurso de abertura foi apenas um aperitivo, a refeição principal ainda está por vir, esta será a parte mais essencial", afirmou o porta-voz durante o briefing.
Pequim acusou Washington de usar seu poder financeiro e militar para coibir outros países, acrescentando que as políticas abusivas de segurança nacional dos EUA ameaçavam o futuro do comércio global.
Do outro lado, Washigton criticou a política chinesa no suposto genocídio contra muçulmanos uigures na região de Xinjiang, assim como a condução da China em Hong Kong e Taiwan. Também foram citados ataques cibernéticos nos Estados Unidos e coerção econômica de aliados norte-americanos pelos chineses.
O governo Biden deixou claro que está procurando uma mudança no comportamento da China, que expressou esperança de reiniciar as relações entre as duas maiores economias do mundo.