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'Faltar oxigênio é a morte, não tem jeito', afirma ex-presidente do CREMERJ

© Folhapress / Junio Matos/A CríticaEnfermeiros carregam cilindros de oxigênio em hospital de Manaus (AM). Familiares de internados precisam comprar oxigênio para manter os seus parentes vivos.
Enfermeiros carregam cilindros de oxigênio em hospital de Manaus (AM). Familiares de internados precisam comprar oxigênio para manter os seus parentes vivos.  - Sputnik Brasil, 1920, 19.03.2021
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Em entrevista à Sputnik Brasil, ex-presidente do CREMERJ avalia que a situação envolvendo insumos e medicamentos para o tratamento da COVID-19 no Brasil ainda é administrável, mas alerta que teme pelo pior, caso não haja uma redução do contágio.

Nesta quinta-feira (18), a Frente Nacional de Prefeitos (FNP), que reúne as 412 cidades com mais de 80 mil habitantes no Brasil, enviou ao presidente Jair Bolsonaro e ao Ministério da Saúde, segundo o G1, um ofício solicitando a adoção de "providências imediatas" para suprir a escassez de oxigênio e de medicamentos para a sedação de pacientes de COVID-19 que está sendo registrada em municípios de todo o país.  

Segundo informações do conselho das secretarias municipais de Saúde, os níveis dos estoques públicos do chamado "kit intubação", que é composto por remédios para anestesia, sedação e relaxamento muscular, entre outros itens, estão críticos em vários estados e podem acabar nos próximos 20 dias.

De acordo com a FNP, prefeitos e prefeitas solicitam que o governo atue imediatamente para evitar que "as cenas trágicas e cruéis recentemente presenciadas em Manaus [AM] não se repitam em outras cidades brasileiras".

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), por sua vez, informou nesta sexta-feira (19) que publicará medidas regulatórias emergenciais para "enfrentar a escassez de medicamentos para intubação e suporte ventilatório de pacientes graves".

Segundo a agência reguladora, diante da ameaça sanitária enfrentada pelo Brasil, essas medidas vão desde "a flexibilização de critérios" até a "possibilidade de importação direta" por parte de "hospitais e redes hospitalares privadas, passando pela máxima agilização dos processos".

De acordo com o médico Sylvio Provenzano, chefe do Setor de Clínica Médica do Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro, e ex-presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (CREMERJ), a possibilidade de faltarem esses medicamentos em cidades como o Rio de Janeiro é pequena. No entanto, o especialista ressalta que, segundo informações que recebeu de colegas, há falta desses insumos em alguns lugares.

Em entrevista à Sputnik Brasil, Provenzano explica que esses medicamentos são necessários para os pacientes que estão intubados, "para que eles fiquem relaxados, de modo a conseguirem suportar a permanência por um tempo, que, normalmente, no caso da COVID-19, não é pequeno", acoplados ao respirador. 

Segundo o especialista, é crucial que as autoridades de Saúde consigam repor os estoques do chamado "kit intubação", e também do oxigênio hospitalar, pois, sem esses insumos, é impossível oferecer uma assistência mínima aos pacientes de COVID-19, o que, evidentemente, acarretará em um aumento no número de óbitos.

"Faltar oxigênio é a morte, não tem jeito", frisa o ex-presidente do CREMERJ.

Para Provenzano, a produção nacional de oxigênio é considerada adequada para suprir os hospitais do país. No entanto, ele ressalta que é preciso que a população coopere para reduzir a disseminação do vírus e o consequente aumento da demanda por esse insumo, e também da pressão sobre o sistema de saúde em geral.

"É óbvio que a gente deve, em primeiro lugar, pedir às pessoas para se cuidarem, seguirem as regras de ouro, procurarem evitar aglomerações, usar a máscara, lavar as mãos, porque, havendo um aumento da demanda, por mais que hoje a situação ainda esteja relativamente administrável, [...] havendo um aumento crescente da demanda, eu temo pelo pior", afirma o especialista.

Nesse sentido, o chefe do Setor de Clínica Médica do Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro assinala que "o risco de colapso total existe, na medida em que o número crescente [de casos] não for interrompido", e reforça que, apesar de as autoridades serem responsáveis por fornecer insumos e fiscalizar a situação nos hospitais, é necessário que a população se conscientize para evitar o aumento de casos, e "não haja esse tão temido colapso", sentencia. 

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