Desde então, o líder norte-coreano tem trabalhado para engradecer o seu arsenal, não só em quantidade, mas também em qualidade e eficácia, para, consequentemente, conseguir atacar Coreia do Sul, Japão, forças norte-americanas na Ásia e, de igual modo, os EUA em si, reporta a agência Bloomberg.
Contudo, apesar do visível desenvolvimento das armas nucleares de Pyongyang, ainda existem diversas dúvidas sobre a utilização das mesmas, bem como seus resultados. Poderia Kim Jong-un realmente atingir os EUA?
Apesar do sucesso em testes, ainda não está garantida a verdadeira eficácia dos mísseis balísticos intercontinentais (ICBM, na sigla em inglês) norte-coreanos, tal como o Hwasong-15. No desfile militar de outubro de 2020, a Coreia do Norte revelou novo ICBM, muito maior e provavelmente dono de motores mais poderosos.
Ainda no ano passado, as Nações Unidas reportaram que Pyongyang teria a capacidade de encaixar ogivas em miniatura em mísseis e dispará-los. Além disso, a Coreia do Norte desenvolveu armas que podem se mover mais rapidamente, evitando, assim, detecção. Contudo, ainda não é claro se conseguiriam combater sistemas antimísseis e sobreviver à reentrada, ou até mesmo se as armas, no geral, são tão aperfeiçoadas para atingir os alvos pretendidos.
Sobre as bombas norte-coreanas
Desde 2006, a Coreia do Norte já detonou seis bombas nucleares em testes, tendo sido quatro delas lideradas pelo próprio Kim Jong-un.
A última bomba, detonada em setembro de 2017, foi a mais poderosa de todas, estimada entre 120 e 150 quilotons. Para se ter noção do poder destrutivo desta última, considere que as bombas lançadas pelos EUA para destruir Hiroshima e Nagasaki, em 1945, tinham entre 15 e 20 quilotons, informa a mídia.
Novidades bélicas norte-coreanas
Kim lançou novos mísseis balísticos de combustível sólido que, aparentemente, são mais fáceis de movimentar, esconder e disparar do que muitas versões de combustível líquido. Desde maio de 2019, o líder norte-coreano já lançou mais de duas dúzias dos mesmos, incluindo o míssil hipersônico com capacidade nuclear KN-23, que poderia atingir a Coreia do Sul, incluindo as forças norte-americanas lá instaladas, em apenas dois minutos.
Especialistas em armas informaram que a Coreia do Norte estaria também desenvolvendo um ICBM que utiliza tecnologia de propelente sólido, algo que, potencialmente, emitiria menos sinais de aviso aos EUA de ataques ao seu território.
De onde vem material físsil usado pela Coreia do Norte?
Na verdade, há décadas que o país asiático é autossuficiente nesse aspecto. O programa nuclear de Kim Jong-un – que já chegou a juntar plutônio suficiente para uma bomba nuclear por ano – tem como base o enriquecimento de urânio, produzindo material físsil suficiente para seis bombas anuais. Segundo especialistas, em 2018, a Coreia do Norte possuía entre 30 e 60 armas nucleares, aponta a Bloomberg.
Como estão as forças convencionais norte-coreanas?
Mesmo sendo considerada uma das nações mais pobres, a Coreia do Norte possui um dos maiores corpos militares do mundo.
Segundo o Departamento de Estado dos EUA, entre 25 milhões de cidadãos, 1,2 milhão se encontra em serviço militar ativo, e outros seis milhões são considerados soldados reservistas. Este imenso corpo militar possui milhares de equipamento de artilharia e centenas de mísseis que poderiam atingir Coreia do Sul e Japão.
No que toca a financiamento do setor militar, a Coreia do Norte é um dos países que mais investe no mesmo, se não for o que mais investe. Apesar das constantes ondas de sanções vindas do Ocidente, Pyongyang tem conseguido evitar impacto total, através de transferências clandestinas em alto mar, de petróleo e muitos outros bens. Por sua vez, o governo norte-coreano parece, até agora, ter sido capaz de gerar capital suficiente para manter o seu programa nuclear em movimento.
Que outras surpresas poderemos esperar?
Já se sabe que Kim Jong-un está empenhado em desenvolver seus ICBM portadores de várias ogivas, contudo, o líder norte-coreano tem se esforçado para desenvolver sua frota de submarinos, e busca construir uma embarcação que, segundo especialistas em armas, poderia vir a disparar mísseis.
Kim também deverá tentar reativar o programa de satélite do país, argumentando que a Coreia do Norte tem o direito, enquanto Estado soberano, de desenvolver seu programa espacial. Vários especialistas entendem que a utilização de satélites poderia ajudar o país a desenvolver tecnologia de mísseis, segundo a agência.
Mas Donald Trump não ia resolver tudo?
Em seu encontro em Singapura, no ano de 2018, Trump e Kim Jong-un passaram, à primeira vista, de adversários trocando insultos a companheiros de diálogo.
Trump teria afirmado que sua diplomacia com Pyongyang teria evitado a guerra, mas seus três encontros com o líder norte-coreano em nada impactaram os testes de mísseis, e a troca de insultos e outras provocações voltaram e, até hoje, continuam.