"A maneira como este assunto é tratado é mais uma propaganda agressiva e uma ferramenta diplomática do que um meio de solidariedade", disse Le Drian à estação de rádio France Info, ao comentar sobre a vacina russa.
O chanceler francês mencionou como exemplo a Tunísia, ao destacar que as notícias sobre o envio de 30 mil doses da vacina russa para aquele país receberam ampla cobertura da mídia.
"Isso é ótimo, mas o [consórcio] COVAX já enviou 100 mil doses e enviará outras 400 mil até maio. Este ano, estão previstas quatro milhões para a Tunísia no total. Esse é o trabalho substantivo, o verdadeiro trabalho de solidariedade, e não é propaganda", afirmou Le Drian.
Além de criticar o suposto uso da vacina como "ferramenta de propaganda" por parte da Rússia, o chanceler francês assinalou que a China também está seguindo uma política de influência com o auxílio dos imunizantes, e citou como exemplo o Senegal, país para o qual Pequim anunciou ter enviado 200 mil doses de sua vacina anti-COVID-19.
Brasil foi pressionado pelos EUA para não comprar vacina Sputnik V: e agora? https://t.co/KBXFt1Aj0H
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Le Drian lembrou que a COVAX Facility planeja enviar um milhão de doses ao Senegal ainda este ano, das quais cerca de 400 mil já foram entregues.
Ontem (25), o presidente francês Emmanuel Macron disse que a Europa estava enfrentando um "novo tipo de guerra mundial" relacionada à imunização, e a vinculou às supostas aspirações de Rússia e China para influenciar outros países com a ajuda de vacinas.
Segundo o Fundo Russo de Investimentos Diretos, a Sputnik V poderia ser fornecida a 50 milhões de residentes da União Europeia a partir de junho https://t.co/qvdEM18I3p
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Por sua vez, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse hoje (26) que Moscou não concorda "de forma alguma" com as alegações de que Rússia e China estariam travando "qualquer guerra" em torno da vacina, e de que ambos os países estariam se utilizando "da pandemia do coronavírus e dos problemas ligados às vacinas" para aumentar sua influência no sistema internacional.
"A Rússia nunca teve aspirações de politizar a questão das vacinas, nem aspirações de usar a vacina como uma ferramenta de influência", enfatizou o porta-voz.
Por sua vez, o Fundo Russo de Investimentos Diretos (RFPI, na sigla em russo), que financiou o desenvolvimento da vacina Sputnik V, respondeu a Macron com uma proposta para que a França unisse seus esforços para aumentar a produção do medicamento e salvar vidas.
O membro do comitê internacional do Conselho da Federação da Rússia (Senado), Sergei Tsekov, por sua vez, destacou que a União Europeia (UE) continua com sua política "russofóbica e antirrussa".
"As declarações sobre a suposta influência da Rússia com a ajuda da vacina são uma manifestação de concorrência desleal", frisou o senador, que não descartou a possibilidade de os europeus "usarem mecanismos políticos para impedir o registro da vacina russa Sputnik V" na UE.