Trata-se de uma aliança informal de quatro democracias que compartilham os mesmos interesses econômicos e de segurança, diretamente ligados aos oceanos Pacífico e Índico, explica a agência Bloomberg.
O objetivo do Quad seria manter o Indo-Pacífico "livre e aberto", mas hoje é perceptível que a prioridade desta aliança é a contenção do poder crescente da China na região. Apesar de interesses comuns, críticos apontam que esta aliança representa uma natureza bastante ambígua, uma vez que o entusiasmo à participação de seus membros depende do tipo de governo em serviço de cada um, bem como de suas relações com a China, no fim das contas. Por exemplo, enquanto os EUA lançam abertamente críticas e sanções ao gigante asiático, a Coreia do Sul apresenta mais cautela em suas declarações referentes a Pequim.
Por que agora?
Apesar de ter sido estabelecido em 2007, o Quad se manteve relativamente inativo até 2017, quando os EUA, sob a presidência de Donald Trump, começaram a desafiar a China mais enfaticamente. Contudo, a diplomacia errática de Trump acabou muitas vezes afastando os restantes membros de se alinharem aos Estados Unidos.
Porém, uma vez empossado como presidente norte-americano em 20 de janeiro de 2021, Joe Biden jurou reparar as relações com os países aliados de Washington, prometendo um trabalho em equipe mais forte, e contínuo de posicionamento duro contra China, assim como seu antecessor fazia. Em 12 de março, o presidente Biden realizou um encontro com os premiês do Quad, na esperança de estabelecer relações e influência norte-americana positivas na Ásia, e podendo, assim, conter melhor o poder de Pequim.
Breve história da origem do Quad
O Quad teve origem quando as quatro nações pelas quais é constituído se juntaram para prestar apoio na coordenação de operações de salvamento e resgate no oceano Índico, após um devastador tsunami em 2004. Três anos mais tarde, o então primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, chamou as outras três nações para o Diálogo Quadrilateral para Segurança.
Ainda em 2007, o grupo voltou a se encontrar nas entrelinhas do Fórum da Ásia-Pacífico, promovido anualmente pela Associação das Nações do Sudeste Asiático. O Quad estava tendo um início promissor, mas no ano seguinte perdeu motivação.
Por que esmoreceu?
Tal como referido no início, muito dependeu do governo de cada país ao longo do tempo. Kevin Rudd, ex-diplomata e ex-primeiro-ministro australiano, teria sido pontado por Scott Morrison, atual premiê da Austrália, como culpado por uma "política de desconexão com o Quad". No entanto, Rudd explicou que isso não era tão simples assim.
Enquanto primeiro-ministro australiano, em sua visita à Índia em 2008, Rudd contou em 2019 que nem chegou a tocar no assunto do Quad, pois o então primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, teria jurado não fazer parte de nenhuma iniciativa para conter a China. Em 2009, Shinzo Abe renunciou ao cargo de premiê do Japão, traduzindo-se na perda de uma ligação fundamental dos EUA em Tóquio, informa a mídia.
Contudo, em 2017, com entidades nacionalistas no poder no Japão e na Índia, a situação mudou radicalmente. É também importante sublinhar que pouco antes de Biden se tornar presidente dos EUA, a China e a Índia se envolveram em um conflito com fatalidades em um território disputado por ambos os países no Himalaia. De igual modo, a China lançou medidas comerciais punitivas contra a Austrália, após a última ter proposto uma investigação às origens da COVID-19 na cidade chinesa de Wuhan.
O que pensa a China sobre isso?
O gigante asiático caracteriza o Quad como um mecanismo para conter a ascensão chinesa global. Zhao Lijian, ministro das Relações Exteriores chinês, acusou o quarteto de se dedicar à sabotagem dos interesses da China.
Após a cúpula virtual do Quad, o ministro da Defesa da China disse que o grupo "se apega à mentalidade de Guerra Fria, é perspicaz em jogos geopolíticos, utiliza o dito desafio da China como desculpa para formar alianças, e incentiva abertamente a discórdia entre países da região [do Indo-Pacífico]", citado pela Bloomberg.
O que dizem os críticos?
É notada uma divergência de interesses entre as quatro nações. Alguns críticos acusam o Quad de ser um lugar de conversação que não consegue falar em uma só voz, retratando a falta de uma estrutura institucional de verdade.
Outros temem que esta aliança possa se tornar uma espécie de OTAN asiática, o que poderia quase certamente provocar uma resposta da China.
Qual é a agenda do Quad?
Durante cúpula virtual, os líderes de cada nação se comprometeram a estabelecer um grupo especializado para expandir o acesso às vacinas contra a COVID-19, e promover a inoculação das mesmas pela Ásia afora.
Contudo, a promessa de um "Indo-Pacífico livre, aberto, inclusivo e resiliente" também assinala a intenção do Quad de agir em uma variedade de desafios globais importantes, tais como a mudança global, contraterrorismo e outros domínios específicos, como o "investimento em infraestrutura de qualidade" – uma provável resposta à iniciativa da Um Cinturão, Uma Rota de Xi Jinping, relata a mídia americana.