Biden teria justificado o atraso de sua retirada do país por "razões táticas". Porém, segundo reportou The New York Times na sexta-feira (26), as autoridades de inteligência estadunidenses teriam informado o presidente que, caso Washington se retirasse do Afeganistão sem antes haver um acordo de partilha de poder entre o Talibã (grupo terrorista proibido na Rússia e em outros países) e Cabul, o país poderia vir a ser tomado pelo grupo islâmico radical.
No mesmo dia, um porta-voz do Talibã disse que o grupo se mantinha comprometido com o tratado de paz assinado durante a presidência de Donald Trump, também conhecido como Tratado de Doha. O grupo islâmico advertiu que "quer que o lado americano também se mantenha fortemente comprometido", caso contrário, se as forças americanas não abandonarem o solo afegão até 1º de maio, o Talibã "continuará sua guerra santa [jihad] e luta armada contra as forças estrangeiras", citado pela mídia estadunidense.
A avaliação da inteligência dos EUA aponta que, caso o Talibã tomasse controle do país, não só colocaria em risco os direitos das mulheres, por si mesmo já frágeis no país, como também poderia promover o crescimento proeminente de grupos terroristas na região.
Contudo, outras autoridades americanas parecem ter uma visão menos pessimista sobre o cenário em causa. Segundo The New York Times, alguns funcionários argumentam que o regresso de grupos terroristas como o Daesh (grupo terrorista proibido na Rússia e em outros países) à região seria improvável, uma vez que o Talibã "é uma organização ideológica, e sua ideologia é centrada no Afeganistão, não estando alinhada com os objetivos abrangentes do Daesh", explicou Lisa Maddox, ex-analista da CIA, citada pela mídia.
Por outro lado, Adam Smith, diretor do Comitê dos Serviços Armados da Câmara, teria sublinhado que a presença das forças americanas no Afeganistão não só coloca em risco as vidas dos cidadãos americanos lá estacionados, como também é dispendiosa e, além disso, fornece uma ferramenta de propaganda para a recruta de militantes por vários atores inimigos dos EUA.
Biden, no entanto, referiu que, antes de tomar qualquer decisão, se encontraria com os aliados para discutir que passos Washington deveria tomar para "sair de modo seguro e ordeiro", e sublinhou que não tenciona manter as forças dos EUA no Afeganistão para lá de 2022.