Em uma pesquisa publicada pelo National Institutes of Health no último dia 25, cientistas focaram seus esforços para entender porque pessoas que se infectaram pela COVID-19 perdem o paladar.
Segundo o estudo, a boca representaria um papel maior do que o que se pensava previamente na doença, e possibilidades apontam que é da boca que o vírus se dissemina para os pulmões e o sistema digestivo, pois a saliva está carregada da infecção, o que causaria a perda do paladar. Outros órgãos também estão sendo estudados como possíveis áreas infectadas como os rins e vasos sanguíneos.
"As descobertas da pesquisa sugerem que a boca, por meio de células orais infectadas, desempenha um papel maior na infecção por SARS-CoV-2 do que se pensava anteriormente. [...] É possível que, quando estamos dormindo ou acordados, pequenas quantidades de secreções infecciosas da boca ou do nariz possam ser 'captadas' e depositadas mais profundamente nos pulmões ou nas vias aéreas inferiores", diz o artigo da National Institutes of Health.
Os pesquisadores já sabiam que as pessoas com o vírus têm altos níveis do SARS-CoV-2 na saliva, o que não se sabia é como o vírus "entrava" na mesma.
Para chegar à essa conclusão, foram examinados tecidos orais de voluntários não infectados para ver se as células da boca continham as proteínas essenciais conhecidas como ACE2 e TMPRSS2. Proteínas essas que, em contato com o vírus, ligam o mesmo ao corpo humano. Para surpresa dos pesquisadores a resposta foi positiva, ou seja, a boca e a saliva têm alto padrão receptivo para o vírus por portarem essas enzinas e também ficam infectadas.
Em um segundo momento, foram analisadas amostras de salivas de pessoas infectadas com COVID-19 e se chegou ao entendimento que o RNA do SARS-CoV-2 estava presente em mais da metade das glândulas salivares examinadas.
Esse fato também levou os pesquisadores a acreditarem que a saliva poderia ser parcialmente responsável por mover o vírus para os pulmões, em um processo chamado "microaspiração".
"Ao longo do mesmo fio, também existem glândulas salivares e tecidos mucosos que são muito semelhantes aos tipos de células encontrados na boca ao longo de toda a via aérea. Eu especulo que eles podem criar uma passagem de infecção para os pulmões" disse o dr. Blake Warner, principal autor do estudo citado pelo The Jerusalem Post.
O estudo aponta então que o vírus não vai para boca ou mucosa nasal porque o corpo ficou infectado, mas sim porque é a porta de entrada da infecção com elevados níveis de recepção por conterem as proteínas necessárias para fixação da doença no corpo humano. E sendo assim, a perda do paladar e do olfato acontece porque essas áreas estão infeccionadas com elevada presença do vírus.
Warner acrescenta que "ao revelar um papel potencialmente subestimado para a cavidade oral na infecção por SARS-CoV-2, a pesquisa poderia abrir novos caminhos investigativos levando a uma melhor compreensão do curso da infecção e da doença", segundo o dr. citado pela mídia.