Durante uma reunião a portas fechadas do Conselho de Segurança da ONU, a enviada da ONU afirmou que "as organizações armadas étnicas nas fronteiras oriental e ocidental têm se manifestado cada vez mais em resposta à brutalidade dos militares".
"A crueldade dos militares é muito severa e muitas organizações armadas étnicas estão assumindo posições claras de oposição, aumentando a possibilidade de uma guerra civil em uma escala sem precedentes", disse Schraner Burgener.
A diplomata suíça teme um "banho de sangue" ainda maior, já que os militares seguem reprimindo os protestos pró-democracia com violência.
"Apelo a este Conselho para que considere todas as ferramentas disponíveis para tomar ação coletiva e fazer o que é certo, o que o povo de Mianmar merece e prevenir uma catástrofe multidimensional", disse Burgener, citada pela AFP.
Mais de 520 pessoas morreram nas manifestações realizadas diariamente no país desde que os militares derrubaram a líder eleita Aung San Suu Kyi em 1º de fevereiro, interrompendo a experiência democrática de uma década em Mianmar.
Burgener disse que permanece aberta ao diálogo com os militares, mas acrescentou: "Se esperarmos apenas quando eles estiverem prontos para conversar, a situação só vai piorar. Um banho de sangue é iminente".
No início desta quarta-feira (31), a equipe jurídica de Suu Kyi disse que a líder deposta, de 75 anos, parecia estar bem de saúde, a despeito dos dois meses de detenção.
Suu Kyi não foi vista em público desde que foi deposta, mas um membro de sua equipe jurídica, Min Min Soe, falou com a líder mianmarense via videoconferência em uma delegacia de polícia na capital Naypyidaw.
"A situação física de Suu Kyi parecia boa de acordo com sua aparência na tela do vídeo", disse a equipe jurídica da líder deposta por meio de comunicado, segundo a AFP.
Suu Kyi está enfrentando uma série de acusações criminais e a condenação pode impedi-la para sempre de assumir cargos políticos.
No último sábado (27), a ONU se declarou "chocada" com o alto número de mortes em Mianmar. Aquele foi considerado o dia mais sangrento do país desde o início do golpe militar.