Paleontólogos da Argentina identificaram uma espécie até então desconhecida de dinossauro que teria usado suas enormes garras, mordida poderosa e agudo sentido de audição para caçar presas na Patagônia há 80 milhões de anos.
Os restos fossilizados do Llukalkan aliocranianus incluem uma caixa craniana muito bem preservada e não esmagada, e foram desenterrados na Formação Bajo de la Carpa, na Argentina. Llukalkan significa "aquele que causa medo" na língua dos mapuches indígenas, e aliocranianus significa "crânio incomum" em latim.
Parte de uma família de dinossauros chamada abelissaurídeos, a criatura recém-identificada seria muito parecida com tiranossauro em aparência, pois, de acordo com os cientistas, o dinossauro teria braços minúsculos e atarracados. Já o crânio seria anormalmente curto e profundo, com cristas, saliências e chifres.
De pelo menos cinco metros de comprimento, quase do tamanho de um elefante, o Llukalkan aliocranianus teria vivido na Patagônia e em outras áreas do subcontinente meridional pré-histórico de Gondwana, que incluía África, Índia, Antártica, Austrália e América do Sul.
Sua característica mais marcante destacada pelos cientistas corresponde a uma pequena cavidade cheia de ar na zona do ouvido médio que não foi vista em nenhum outro abelissaurídeo encontrado até agora, de acordo com a pesquisa publicada na terça-feira (30) no Journal of Vertebrate Paleontology.
"Uma peculiaridade desse dinossauro é que ele possui cavidades na área da orelha que outros abelissaurídeos não tinham, o que poderia ter dado a esta espécie diferentes capacidades auditivas, possivelmente um maior alcance auditivo. Isso, junto com seu aguçado olfato, teria dado grande capacidade como predador desta espécie", disse o autor Federico Gianechini, paleontólogo da Universidade Nacional de San Luis, Argentina, à CNN.
Os pesquisadores compararam a audição do novo tiranossauro à de um crocodilo contemporâneo. O mecanismo de audição único do dinossauro sugere que os abelissaurídeos ainda floresciam pouco antes da extinção dos dinossauros, 67 milhões de anos atrás.
"Esses dinossauros ainda estavam experimentando novos caminhos evolutivos e se diversificando rapidamente antes de morrerem completamente", disse Ariel Mendes, coautor do estudo e paleontólogo do Instituto Patagônico de Geologia e Paleontologia da Argentina.
Os restos fossilizados foram descobertos em 2015 por acidente durante uma escavação para desenterrar outro tipo de dinossauro, em um lugar conhecido como La Invernada, perto da cidade de Rincón de los Sauces, na província argentina de Neuquén.