O Irã não está no momento na mente de Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, porque ele está preocupado com um impasse político e com os esforços para formar uma coalizão para permanecer no poder, crê Raz Zimmt, pesquisador do Instituto de Estudos de Segurança Nacional de Israel, que falou à Sputnik.
No entanto, antes de a febre eleitoral ter começado, o Irã era a principal preocupação de Netanyahu e seu inimigo número um.
Foi Netanyahu quem qualificou o acordo nuclear de Washington com o Irã, o Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês) de 2015, de "erro histórico", causando uma arrelia com Barack Obama, então presidente norte-americano (2009-2017), desempenhando também um papel fundamental na decisão dos EUA de 2018 de deixar o acordo multilateral.
O premiê israelense desde 2009 (e também em 1996-1999) tem criticado vários Estados europeus por contornarem as sanções impostas à República Islâmica e fazerem negócios com Teerã apesar delas.
Obsessão de Netanyahu pelo Irã continua hoje
No início de março, ele acusou o Irã de atacar um navio israelense no golfo de Omã, acusações negadas pelo país persa. Netanyahu depois sublinhou novamente a Kamala Harris, vice-presidente dos EUA, que Teerã não obteria armas nucleares.
O especialista diz que a obsessão com o Irã começou muito antes de Netanyahu e se originou no medo de que a República Islâmica seja inflexível quanto à destruição do Estado judeu, especialmente com slogans como "morte a Israel", ouvidos regularmente durante manifestações e reuniões públicas iranianas.
Além disso, o Irã tem alegadamente financiado com milhões de dólares grupos como o Hamas em Gaza e o Hezbollah no Líbano, ambos considerados organizações terroristas por Israel, e tem sido acusado de procurar obter uma bomba nuclear, que poderia ser usada contra Israel, alegações que Teerã tem negado repetidamente.
"Alguns acreditam que Israel deve aderir à diplomacia ao enfrentar o Irã. Outros apoiam uma abordagem mais militar, incluindo uma operação e a máxima pressão", explica Zimmt.
Comportamento entre os dois países
Netanyahu está claramente no último campo, mas Zimmt diz que não é totalmente claro se a obsessão do chefe de Estado de Israel com o Irã deriva de seu medo genuíno da República Islâmica ou se é uma tática do medo que visa reter o poder e fama em seu país.
"Acho que é uma combinação de ambos. Enfrentamos de fato uma ameaça iraniana, mas não creio que seja existencial, especialmente agora que Israel tem outros problemas para se preocupar e que Teerã ainda não tem armas nucleares."
Zimmt prevê que o ciclo vicioso de acusações e ameaças mútuas não terminará em breve, simplesmente porque o Irã não mudará sua ideologia e retórica anti-israelense e Israel, por sua vez, não estará disposto a ceder na questão de Jerusalém ou do retorno dos refugiados palestinos.
Mas isso não significa que a situação continuará se agravando ou evoluirá para uma guerra plena.
"O único cenário em que uma guerra plena seria possível é se o Irã continuar revigorando seu plano nuclear, levando Israel a atacar suas instalações nucleares", concluiu Raz Zimmt.