Na tarde de ontem (30), o Departamento de Estado norte-americano divulgou um relatório sobre os direitos humanos em 2020. O texto acusa o governo brasileiro de restringir à liberdade de expressão para jornalistas.
"A Constituição e a lei preveem liberdade de expressão, mas o governo [do Brasil] nem sempre respeita esse direito", diz o documento.
O relatório cita diversos chefes de Estado e faz críticas também a outros países, mas não há uma linha sequer sobre a crise dos direitos humanos nos EUA, em especial após a insurreição do movimento Black Lives Matter.
Sobre a Rússia, o documento aponta que "o governo russo tem como alvo dissidentes políticos e manifestantes pacíficos, enquanto a corrupção oficial continua galopante".
Honored to release the 45th annual Human Rights Report. It demonstrates that human rights, transparency and accountability are at the forefront of U.S. foreign policy. We acknowledge the work ahead and expect all nations to respect human rights and fundamental freedoms. #HRR2020 pic.twitter.com/G7BO475AoG
— Secretary Antony Blinken (@SecBlinken) March 30, 2021
Tive a honra de divulgar o 45º Relatório anual de Direitos Humanos. Isso demonstra que os direitos humanos, a transparência e a responsabilidade estão na vanguarda da política externa dos Estados Unidos. Reconhecemos o trabalho que temos pela frente e esperamos que todas as nações respeitem os direitos humanos e as liberdades fundamentais.
Na parte do documento em que o Brasil é citado, o governo dos Estados Unidos menciona que o presidente Jair Bolsonaro criticou verbalmente, ou pelas redes sociais, a imprensa por 53 vezes.
Ao todo, o documento menciona nominalmente Bolsonaro três vezes: em relação aos ataques à imprensa; pelo decreto assinado por ele para políticas de ensino a crianças com deficiência; e pelas ações adotadas pelo governo federal contra a COVID-19 para as comunidades indígenas. O texto também destaca a violência policial no Brasil.
O Departamento de Estado dos EUA cita, como um exemplo de assédio aos jornalistas praticado por Bolsonaro, o dia em que ele disse a um repórter: "Minha vontade era de encher a sua boca de porrada". O relatório critica, ainda, as agressões a jornalistas que cobrem a pandemia do coronavírus.