Os resultados do estudo foram publicados na revista Communications Biology.
Cinco anos atrás, biólogos do Instituto de Evolução Molecular da Universidade Heinrich Heine de Dusseldorf, na Alemanha, junto com seu diretor William Martin, apresentaram uma descrição do último ancestral universal de todos os organismos vivos na Terra, chamado LUCA (Last Universal Common Ancestor, na sigla em inglês), embora em linguagem corrente também o possamos considerar o primeiro ancestral.
LUCA é o hipotético ser vivo a partir do qual descenderam todos os seres vivos da Terra. Acredita-se que ele viveu há cerca de 3,8 bilhões de anos em fontes hidrotermais quentes de águas profundas. Nenhum remanescente fóssil do LUCA sobreviveu, por isso ele está sendo estudado através da comparação de genomas. Este método ajudou os cientistas a determinar os 335 genes que o LUCA inequivocamente tinha.
Agora, os pesquisadores descreveram mais uma célula antiga, batizada como último ancestral bacteriano comum, ou LBCA (na sigla em inglês). O LBCA é o último ancestral comum do maior grupo de organismos vivos até hoje - as bactérias. Segundo os autores, as primeiras bactérias na Terra apareceram há cerca de 3,5 bilhões de anos no mesmo ambiente que o LUCA. A fim de revelar o código genético do LBCA, bem como as peculiaridades de sua bioquímica, William Martin e seus colegas estudaram genomas de 1.089 anaeróbios, isto é, bactérias que são capazes de viver sem oxigênio.
"Não escolhemos os aeróbios deliberadamente. Se as primeiras bactérias surgiram em uma época em que a Terra não tinha oxigênio, não faz sentido investigar suas origens, dadas as espécies com adaptações induzidas pelo oxigênio", diz a primeira autora do artigo, Joana Xavier, de acordo com o comunicado de imprensa da Universidade Heinrich Heine.
No total, os autores identificaram 146 famílias de proteínas presentes em todas as bactérias. Ao mapear as ligações bioquímicas destas proteínas, os cientistas obtiveram uma rede metabólica quase completa das primeiras bactérias.
Depois, com a ajuda de métodos estatísticos, os biólogos determinaram quais dos modernos grupos bacterianos eram mais parecidos com o LBCA. Segundo os cientistas, análise mostrou que o ramo divergente mais antigo da bactéria era semelhante ao clostridium contemporâneo, e é bem provável que o LBCA tenha tido a forma de bastonete, como o clostridium, mas os cientistas não descartaram a variante de ser em forma de esporos.
"A formação de esporos teria permitido que as primeiras células sobrevivessem às duras condições da Terra primitiva", explicou Joana Xavier.