Uma equipe de cientistas togoleses, britânicos e alemães conseguiu registrar pela primeira vez na natureza um raro antílope que vive na África Ocidental. Os resultados foram publicados quinta-feira (1º) na revista científica African Journal of Ecology.
O Philantomba walteri, conhecido como mergulhador de Walter, é uma espécie de antílope encontrada no Togo, Benin e Nigéria e foi descoberta e classificada em 2010. O achado ocorreu após a instalação de 100 armadilhas fotográficas no Parque Nacional Fazao Malfakassa, no Togo, e necessitou de mais de nove mil dias de rastreamento.
WildCRU researchers and colleagues have captured the first ever images of Walter’s duiker alive in the wild during the first comprehensive camera trap survey for mammalian mega fauna undertaken in Togo https://t.co/etL6lFzCK4 pic.twitter.com/r2EdsxCSwq
— WildCRU, Oxford (@WildCRU_Ox) April 2, 2021
Pesquisadores e colegas da WildCRU [Unidade de Pesquisa em Conservação da Vida Selvagem do Departamento de Zoologia da Universidade de Oxford, Reino Unido] capturaram as primeiras imagens de sempre do mergulhador de Walter vivo na natureza durante a primeira pesquisa abrangente de armadilhas fotográficas para a megafauna de mamíferos realizada no Togo
Anteriormente, a existência do P. walteri só foi comprovada através da análise de crânios e cadáveres avistados em mercados de carne de caça do Benin, Togo e Nigéria. Além disso, a população desta espécie foi listada na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês) como desconhecida devido a dados limitados.
"Este gracioso antílope tem, nos últimos 200 anos, mostrado um grande talento para evitar cientistas, mas provado tragicamente menos apto a evitar redes, armadilhas e cães de caça […] As 'armadilhas' de câmeras revolucionam a pesquisa biológica: um exército de câmeras permanece paciente e sem reclamar, imóvel por meses a fio, esperando um transeunte interessante", explica em comunicado David Macdonald, coautor do artigo.
Gabriel Segniagbeto, também coautor da pesquisa, por sua vez, espera que as primeiras imagens de P. walteri levem a uma maior proteção das florestas e savanas de Togo.
"É extremamente importante reconhecer a importância do sistema de áreas protegidas do Togo, que atua como um reduto vital para uma rica diversidade de mamíferos selvagens. Esperamos que nosso achado empolgante […] reforce o apelo à proteção adicional de nossa floresta e savana restantes", disse Segniagbeto.
Além do raro antílope, os exploradores conseguiram registrar imagens do porco-da-terra e do mangusto chamado cusimanse, dois animais que não haviam sido vistos no Togo. No total, a exploração terminou com a identificação de 32 espécies de mamíferos, entre endêmicas e ameaçadas de extinção.