O governo etíope continua regulando a situação na região de Tigré, no entanto, algumas medidas importantes ainda não foram tomadas para garantir as necessidades prementes da região, informou o Ministério das Relações Exteriores da Etiópia no sábado (3).
"A mobilização de recursos adequados, portanto, deve ser a tarefa principal, para que os desafios da região sejam plena e oportunamente resolvidos", segundo o comunicado da chancelaria.
A decisão de retirar as tropas foi anunciada pela primeira vez em 26 de março pelo primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed Ali. O comunicado recém-publicado informa sobre o início do processo.
"Como foi revelado na semana passada, as tropas da Eritreia, que atravessaram a fronteira provocadas pela Frente Popular para a Libertação de Tigré [FPLT, na sigla em inglês], agora começaram a evacuação e a Força de Defesa Nacional da Etiópia assumiu a guarda da fronteira nacional", de acordo com o comunicado da chancelaria do país.
O primeiro-ministro etíope disse que suas forças realizaram grandes operações nos últimos três dias, combatendo "inimigos" em oito frentes no oeste e norte do país. Ele não mencionou especificamente Tigré, mas a região fica ao norte, conforme observações em um vídeo publicado na sua página no Facebook.
"Quando a junta passou a ser uma força de guerrilha, se misturou com os fazendeiros, e começou a se mover de um lugar para outro. Não somos capazes de eliminá-la dentro de três meses", segundo Ahmed Ali.
Em 2018, o primeiro-ministro chegou a um acordo de paz com a Eritreia após longo conflito na região de Tigré e recebeu o Prêmio Nobel da Paz por seu trabalho para resolução do embate. No entanto, desde que começaram os confrontos entre o governo central da Etiópia e a região de Tigré em novembro de 2020, Ahmed Ali vem sendo acusado de estabelecer uma parceria com a Eritreia para perseguir os agora líderes foragidos da região.
Durantes meses, a Eritreia e a Etiópia negaram a presença de tropas eritreias apesar de dezenas de testemunhas relatando sua permanência. Em 23 de março, o primeiro-ministro reconheceu a presença de militares eritreus no território do país. Por sua vez, a Eritreia ainda não admitiu que seus soldados estão na Etiópia e nega a responsabilidade por violações.