Com a saída de Ernesto Araújo do Ministério de Relações Exteriores em razão do desgaste provocado pela pasta na política externa do Brasil, a chegada de Carlos Alberto Franco França foi cercada de expectativas.
É, afinal, com este novo chanceler que o Brasil espera recuperar o prestígio perdido junto aos seus parceiros globais. Em seu discurso de posse, Carlos Alberto Franco prometeu mudanças com relação ao ministro Ernesto Araújo.
Discurso de posse do Ministro de Estado das Relações Exteriores, Embaixador Carlos Alberto Franco França, proferido em 6 de abril de 2021:https://t.co/3IF6kRbjGS pic.twitter.com/aisegqEYSY
— Itamaraty Brasil 🇧🇷 (@ItamaratyGovBr) April 6, 2021
Ele enfatizou o diálogo multilateral, elogiou o Mercosul e defendeu como prioridade o combate à pandemia da COVID-19. Ele ainda citou o que lhe foi pedido pelo presidente Jair Bolsonaro: a urgência no campo da saúde, a urgência da economia, e a urgência do desenvolvimento sustentável.
"A primeira urgência é o combate à pandemia da COVID-19. Sabemos todos que essa é tarefa que extrapola uma visão unicamente de governo. E que, no governo, compete também ao Itamaraty, em conjunto com o Ministério da Saúde", explicou.
Em seguida, ele prometeu que as "missões diplomáticas e consulados do Brasil no exterior estarão cada vez mais engajados em uma verdadeira diplomacia da saúde". Ele afirmou que buscará contatos com governos e laboratórios para mapear as vacinas disponíveis.
O novo ministro também prometeu maior articulação com o Congresso brasileiro. "Meu compromisso é com a intensificação e a maior articulação das ações em curso. Maior articulação no âmbito do Itamaraty; maior articulação com outros órgãos públicos, com o Congresso Nacional", defendeu.
Mercosul: 'O lugar do diálogo'
Carlos Alberto Franco disse que "o lugar onde o diálogo se impõe é a nossa vizinhança". Ele defendeu os acordos nucleares do Brasil com a Argentina, e disse que são símbolos do predomínio da cooperação sobre a rivalidade.
Em seguida, ele defendeu o Mercosul. "Representa uma etapa construtiva da integração com nossos vizinhos. E é preciso ir além, abrindo novas oportunidades", afirmou.
A questão da economia
Na visão do novo ministro das Relações Exteriores do Brasil, "uma segunda urgência [no país] é a econômica. Neste sentido, ele defendeu o ingresso brasileiro na OCDE.
"Não há modernização sem mais comércio e investimentos, sem maior e melhor integração às cadeias globais de valor – daí o significado da nossa pauta de negociações comerciais. Não há modernização sem a exposição do país aos mais elevados padrões de políticas públicas – por isso é importante nosso cada vez mais estreito relacionamento com a OCDE", comentou.
O clima em alerta
Carlos Alberto Franco acredita que o país tem diante de si uma oportunidade de se tornar "vanguarda do desenvolvimento sustentável e limpo". Ele disse que é preciso "mostrar ao mundo uma matriz energética que é predominantemente renovável. Um setor elétrico que é três vezes mais limpo do que a média mundial e já pode ser considerado de baixo carbono".
Ele criticou o Código Florestal, sobretudo o que chamou de excessos, e disse que é possível mostrar "uma produção agropecuária que, além de ser capaz de alimentar o planeta, tem a marca da sustentabilidade. Quarenta anos de investimentos em ciência nos permitiram produzir mais com relativamente menos terra e com melhor uso do solo".