Nesta quinta-feira (8), após advertência do embaixador da China na Austrália, Cheng Jingye, proferidas ontem (7), instando Camberra de que "responderá na mesma moeda" se o país impuser sanções a Pequim, o ministro do Comércio australiano, Dan Tehan, rebateu os comentários do embaixador declarando que o governo protegerá seus interesses nacionais, e deixou claro que a soberania da China não é negociável, segundo a Bloomberg.
"A soberania da China é algo que deixamos muito claro não ser negociável. Mas isso não significa que não possamos ter relacionamentos produtivos. Bons amigos sempre conseguem ter conversas muito difíceis", disse Tehan citado pela mídia.
A temática das sanções veio à tona depois que as tensões internacionais aumentaram com relatos de trabalho forçado na província de Xinjiang, no oeste da China, levando EUA, Canadá, Reino Unido e União Europeia a sancionarem funcionários do Partido Comunista.
Cheng Jingye instou o governo australiano em um evento de mídia realizado em sua residência oficial em Camberra ontem (7), adicionando que a China não "engoliria a pílula amarga" da Austrália de se intrometer em seus assuntos internos, nem de tentar montar uma campanha de "pressão". O evento também incluiu uma videoconferência de duas horas com autoridades da região de Xinjiang, segundo o The Guardian.
A videoconferência seria uma tentativa de Pequim de repelir as crescentes críticas internacionais sobre o suposto genocídio contra uigures. A organização de pesquisa de direitos humanos, Human Rights Watch, denunciou imediatamente o evento, dizendo que era "claramente uma manobra de propaganda barata e deveria ser chamada como tal", de acordo com a mídia.
No dia 23 de março, a ministra das Relações Exteriores da Austrália, Marise Payne, disse que o governo tinha "graves preocupações" com relatos de abusos dos direitos humanos contra uigures, e saudou as sanções impostas por outros países.
Os laços entre a Austrália e seu maior parceiro comercial, a China, começaram a se deteriorar desde abril de 2020, quando o governo do primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, pediu que investigadores independentes entrassem em Wuhan para investigar as origens do coronavírus.
Desde então, Pequim implementou uma série de ações contra produtos australianos, incluindo carvão, vinho e cevada. Além desses itens, outro importante produto comercializado entre os dois países é o minério de ferro, sendo a Austrália responsável por 60% de minério importado pela China.
Para ultrapassar esse forte vínculo comercial após as declarações australianas, o país asiático vem direcionando a compra de minério para países africanos, firmando parcerias na República do Congo e na Argélia.