Após divulgação do plano de ajuda de US$ 235 milhões (cerca de R$ 1,3 bilhão) dos EUA para a Palestina, Israel condenou fortemente a ação norte-americana e afirmou que a medida "só ajudaria a perpetuar o conflito israelo-palestino", segundo o The Jerusalem Post.
Desses US$ 235 milhões, US$ 150 milhões (cerca de R$ 836 milhões) serão destinados à Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina e do Oriente Próximo (UNRWA, na sigla em inglês), agência de desenvolvimento e assistência humanitária que proporciona cuidados de saúde para mais de 5,7 milhões de palestinos.
Na quarta-feira (7), o embaixador israelense nos Estados Unidos, Gilad Erdan, fez comentários sobre o financiamento em vídeo divulgado em sua conta no Twitter, no qual se diz "desapontando" com o governo norte-americano dizendo que "expressou sua objeção ao Departamento de Estado dos EUA" por acreditar que a UNRWA "não deveria existir no formato atual", pois contém "conteúdo antissemita" em seu material didático.
Israel strongly opposes renewing funding for @UNRWA, an anti-Semitic agency that incites against Israel and uses a twisted definition of who is a “refugee.” Rather than solving the conflict, UNRWA perpetuates it. Any return to funding it must be contingent on essential reforms. pic.twitter.com/52oHtv0prz
— Ambassador Gilad Erdan גלעד ארדן (@giladerdan1) April 7, 2021
Israel se opõe veementemente à renovação do financiamento para UNRWA, uma agência antissemita que incita contra Israel e usa uma definição distorcida de quem é um "refugiado". Em vez de resolver o conflito, a UNRWA o perpetua. Qualquer retorno ao financiamento deve depender de reformas essenciais.
A ajuda faz parte de uma investida diplomática norte-americana mais ampla para reiniciar a relação com os palestinos, que foi totalmente cortada pelo ex-presidente, Donald Trump, em 2018.
Outros US$ 75 milhões (R$ 419 milhões) desse pacote foram destinados à assistência econômica e ao desenvolvimento, e US$ 10 milhões (R$ 55 milhões) foram concedidos a programas de construção da paz. Além desse financiamento, cerca de US$ 40 milhões (R$ 223 milhões) devem ser alocados para as forças de segurança palestinas, se juntando aos US$ 15 milhões (R$ 84,8 milhões), anteriormente divulgados, para ajudar no combate à COVID-19 na Cisjordânia e na Faixa de Gaza.
Ao falar sobre o financiamento ontem (7), o secretário de Estado, Antony Blinken, também aproveitou para reiterar o posicionamento a favor do governo norte-americano para criação de dois Estados, um israelense e outro palestino.
"Planejamos reiniciar a assistência econômica, de desenvolvimento e humanitária dos EUA ao povo palestino. Estamos comprometidos com o avanço da prosperidade, segurança e liberdade para israelenses e palestinos de maneiras tangíveis no prazo imediato, o que é importante por si só, mas também como meio de avançar em direção a uma solução negociada de dois Estados", disse o secretário citado pela mídia.
Porém, a restauração do financiamento não inclui assistência financeira direta à Autoridade Nacional Palestina (ANP).
Ao que parece, o flerte de Jerusalém com Washington, bastante intenso durante o governo de Donald Trump, vem enfraquecendo na medida que a nova administração dos EUA vem trilhando passos diferentes em questões ligadas à Israel. O governo israelense não só é contrário ao financiamento destinados aos palestinos, como não aceita a criação de dois Estados e não apoia o retorno dos EUA ao acordo nuclear, a ponto do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarar ontem (7) que "melhores amigos devem saber que Israel não se regerá pelo acordo nuclear do Irã".