O líder Kim Jong-un já chegou a dizer que a Coreia do Norte estaria enfrentado a pior situação devido a fatores como a pandemia do coronavírus, as sanções dos EUA e desastres naturais. Contudo, desta vez, Kim fez uma comparação paralela entre a árdua atualidade e os acontecimentos nefastos da década de 1990, informa o jornal The Guardian.
No entanto, de acordo com grupos monitores da Coreia do Norte, não existem indícios da existência de fome em massa ou de qualquer desastre humanitário. Contudo, os comentários do líder norte-coreano poderiam apresentar o modo como Kim percebe as dificuldades que sua nação atravessa atualmente. Para observadores internacionais, trata-se de um grande teste para o governo que já está no poder há nove anos.
"Eu decidi pedir às organizações de todos os níveis do Partido dos Trabalhadores da Coreia, incluindo o Comitê Central e as células das secretarias de todo o partido, para lidarem com outra 'marcha árdua' de modo a aliviar as dificuldades de nosso povo, ainda que seja um pouco", declarou Kim Jong-un na quinta-feira (8) a setores inferiores do partido governante, citado pela mídia britânica.
O termo "marcha árdua" foi bastante utilizado por autoridades norte-coreanas durante a fome na última década do século XX, que fez a nação asiática ficar dependente de ajuda internacional por vários anos. Tal desastre humanitário foi visto como o resultado do fim do apoio soviético à Coreia do Norte, má gestão e desastres naturais.
Agora, parece que a história se repetirá, fruto de décadas de má gestão, isolamento imposto pelo clã Kim, e sanções contra programa nuclear norte-coreano, creem analistas.
No início de janeiro, durante congresso do partido, Kim Jong-un ordenou oficiais a construírem uma economia mais forte e autossuficiente, a reduzirem a dependência de importações e a fabricarem mais bens nacionais. Contudo, como observado, as ordens de Kim não tiveram os resultados esperados.
Porém, alguns especialistas acreditam que a Coreia do Norte não chegará a atravessar outra fome, pois a China não o permitirá. Segundo observadores, Pequim está preocupada tanto com os refugiados norte-coreanos se aproximando de sua fronteira como com o possível estabelecimento de uma unificação pró-EUA nas duas Coreias. Deste modo, Pequim teria interesse em ajudar à situação de Pyongyang.
Na verdade, no mês passado, os líderes de ambas as nações trocaram mensagens, tendo a mídia estatal norte-coreana informado que Xi Jinping, presidente chinês, expressou compromisso de "fornecer aos povos dos dois países uma vida melhor", segundo o jornal The Guardian.
Perante esta informação, vários analistas supõem que isto seja uma indicação de que a China deverá prover alimentos, fertilizantes e outros bens necessários para a Coreia do Norte para reduzir o impacto do fechamento das fronteiras norte-coreanas devido à pandemia.