Mianmar vive uma crise sem precedentes desde que os militares derrubaram o governo civil comandado pela ex-conselheira de Estado Aung San Suu Kyi em fevereiro, com protestos quase diários de manifestantes que não querem se submeter ao governo militar e exigem o retorno à democracia.
PHOTO: This photo was taken this morning in Bago. “Injured people were piled up with dead bodies”, several witnesses told me last night. Local residents found only the blood this morning. Can’t confirm the death toll. #WhatsHappeningInMyanmar pic.twitter.com/N95uFPzBup
— Mratt Kyaw Thu (@mrattkthu) April 10, 2021
Esta foto foi tirada na manhã de hoje [10] em Bago. "Pessoas feridas foram amontoadas junto com cadáveres", me disseram diversas testemunhas ontem [9] à noite. Os moradores locais apenas encontraram vestígios de sangue na manhã de hoje [10]. Não é possível confirmar o número de mortes.
Após dois meses de governo da junta militar, os esforços para verificar as mortes e confirmar as notícias relacionadas à repressão dos militares estão sendo prejudicados pelas restrições impostas pelas autoridades ao acesso à rede de comunicações.
Detalhes sobre a repressão brutal em Bago, cidade localizada a 65 quilômetros de Rangum, levaram mais de 24 horas para vir à tona. De acordo com a agência de notícias France-Presse, os moradores relataram que a violência contínua das autoridades militares forçaram muitas pessoas a buscarem refúgio em vilarejos próximos.
Protests against the military dictatorship continued in Bago Region, which encompasses a much larger area in addition to the Bago town which saw a bloody crackdown by the junta’s gunmen yesterday. #WhatsHappeningInMyanmar pic.twitter.com/ZTjUfKl4sx
— Myanmar Now (@Myanmar_Now_Eng) April 10, 2021
Os protestos contra a ditadura militar continuaram na região de Bago, que abrange uma área bem maior que a cidade de Bago, que ontem [9] presenciou a repressão violenta dos homens armados da junta militar.
Até o início da noite deste sábado (10), a Associação de Assistência aos Presos Políticos (AAPP) de Mianmar, um grupo local independente que monitora as mortes provocadas pela repressão militar, confirmou "que mais de 80 manifestantes contrários ao golpe militar foram assassinados pelas forças de segurança em Bago na sexta-feira [9]".
Por outro lado, o jornal The Global New Light of Myanmar, que é controlado pelo governo, afirmou hoje (10) que a repressão é consequência da atuação de "vândalos", e reportou apenas uma morte.
O escritório das Nações Unidas no país asiático, por sua vez, escreveu neste sábado (10) nas redes sociais que estava acompanhando o desfecho da violência em Bago, onde o tratamento médico aos feridos estaria sendo "negado".
"Apelamos às forças de segurança que permitam que as equipes médicas prestem atendimento aos feridos", assinalou a organização.
The UN in Myanmar is following events in Bago with reports of heavy artillery being used against civilians and medical treatment being denied to those injured.
— United Nations in Myanmar (@UNinMyanmar) April 10, 2021
The violence must cease immediately.
We call on the security forces to allow medical teams to treat the wounded. pic.twitter.com/VyO7gRpWPO
O escritório da ONU em Mianmar está acompanhando os eventos em Bago, com relatos de uso de artilharia pesada contra civis e de tratamento médico negado aos feridos. A violência deve cessar imediatamente. Apelamos às forças de segurança que permitam que as equipes médicas prestem atendimento aos feridos.
Segundo o levantamento realizado pela AAPP, cerca de 700 pessoas foram mortas pela repressão militar após o golpe de Estado, enquanto a junta militar apresenta um número bastante inferior, 248, conforme relatou um porta-voz do governo nesta sexta-feira (9), citado pela AFP.