Até 80% dos sicilianos que tiveram a oportunidade de vacinarem-se contra a COVID-19 com a vacina AstraZeneca/Oxford recusaram o inoculante por temores sobre sua segurança, disse o presidente da região do sul da Itália, Nello Musumeci, relata a agência AFP neste domingo (11).
A confiança do público no inoculante contra o SARS-CoV-2 desenvolvido pela Universidade de Oxford, Reino Unido, em parceria com o laboratório AstraZeneca foi fortemente abalada após a divulgação de relatórios que ligavam a vacina ao desenvolvimento de coágulos sanguíneos raros, mas potencialmente fatais, e por recomendações conflitantes sobre seu uso.
"Na Sicília, há uma taxa de recusa de 80% da vacina AstraZeneca. A cada 100 pessoas, 80 dizem não", disse Musumeci em Catânia, capital administrativa da região da Sicília. Musumeci acrescentou que "é natural" que as pessoas fiquem preocupadas, "mas temos o dever de acreditar nos cientistas quando dizem que é mais perigoso não ser vacinado do que ser vacinado".
Após as declarações, a porta-voz do presidente da região do sul da Itália, Michela Giuffrida, afirmou que Musumeci, na verdade, quis dizer "até 80%, acrescentando, como exemplo, que na cidade de Syracuse a taxa de recusa foi de "30%".
Um boicote em grande escala à vacina da AstraZeneca/Oxford colocaria o plano de vacinação da Itália, que já luta contra a escassez de suprimentos e prioridades malfeitas, sob maior estresse, ressalta a mídia.
Vacina em xeque
Nesta semana, a Agência Europeia de Medicina (EMA) afirmou que os coágulos sanguíneos devem ser listados como um efeito colateral "muito raro" da vacina da AstraZeneca/Oxford, mas acrescentou que os benefícios continuam a superar os riscos.
"A COVID-19 está associada a um risco de hospitalização e morte. A combinação relatada de coágulos sanguíneos e plaquetas sanguíneas baixas é muito rara, e os benefícios gerais da vacina na prevenção da COVID-19 superam os riscos de efeitos colaterais", disse agência na ocasião.
O anúncio foi feito depois que a EMA examinou 86 casos de coagulação do sangue, 18 dos quais foram fatais, entre cerca de 25 milhões de pessoas que receberam a vacina da AstraZeneca/Oxford na Europa. A maioria dos casos ocorreu em mulheres com menos de 60 anos.
Em resposta às descobertas, a Itália, que inicialmente recomendou a vacina AstraZeneca para pessoas na faixa etária de 18 a 55 anos, restringiu seu uso a pessoas com 60 anos ou mais.
Ação semelhante foi realizada em outros países, dentro e fora da União Europeia. No sábado (10), o Paraguai anunciou que suspenderá a aplicação da vacina em pessoas menores de 55 anos.
A Itália é um dos países mais atingidos pela pandemia do novo coronavírus, com quase 114.000 mortos, mas sua campanha de vacinação foi criticada por não se concentrar no grupo de maior risco, ressalta a mídia.
Pessoas na faixa dos 70 anos estão entre as mais negligenciadas, com apenas 2,7% totalmente vacinadas, em comparação com 4,1% para as pessoas na faixa dos 20 anos. No geral, a Itália administrou quase 13 milhões de doses e vacinou totalmente 3,9 milhões de pessoas, o equivalente a cerca de 6,5% de toda a população de cerca de 60 milhões.