Tornando-se o yuan digital uma realidade cada vez mais provável, oficiais dos Departamentos do Tesouro e de Estado dos EUA, do Pentágono e do Conselho Nacional de Segurança estão se esforçando para melhor entender as potenciais implicações da moeda digital chinesa em desenvolvimento, informa a agência Bloomberg.
No momento, oficiais americanos não estão muito preocupados com os desafios imediatos do yuan digital na presente estrutura do sistema financeiro global. Na verdade, estão tentando entender como essa moeda poderá ser distribuída, e se poderia ser utilizada para contornar as sanções impostas pelos EUA, segundo contaram fontes anônimas à agência.
Até agora, ambas as porta-vozes do Tesouro e do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos se recusaram a comentar ou responder a questões relacionadas ao assunto.
Qual é o objetivo do yuan digital?
O Banco Popular da China emitiu um teste do yuan digital em várias cidades chinesas, na tentativa de se tornar o primeiro grande banco central a emitir moeda digital. O timing é positivo, pois com a aproximação dos Jogos Olímpicos em seu vizinho Japão, a China poderia conferir uma maior exposição internacional à sua moeda digital.
Oficiais chineses informaram que a principal intenção do yuan digital é a substituição de cédulas e moedas, redução de incentivo ao uso de criptomoedas, e complementação do sistema de pagamento eletrônico, monitorado pelo setor provado.
Deste modo, por enquanto, Washington não planejará tomar qualquer ação em termos legais contra a moeda digital chinesa. Porém, segundo especialistas, pode incentivar a criação do dólar digital, se os EUA quiserem garantir não ficar para trás na corrida econômica, aponta Bloomberg.
A criptomoeda chinesa tem futuro promissor?
Um relatório recente do Diretório de Inteligência Nacional dos EUA diz que a extensão da ameaça de qualquer moeda digital estrangeira à centralidade do dólar no sistema financeiro global "dependerá das medidas regulatórias estabelecidas", citado na matéria.
Atualmente, o yuan corresponde a pouco mais de 2% dos câmbios comerciais mundiais, em comparação com quase 60% dos câmbios em dólares americanos. Por sua vez, decisões políticas, em vez de desenvolvimentos técnicos, terão um maior peso na internacionalização do yuan, visto que Pequim mantém um regime de controle de capitais.
Adicionalmente, o sistema financeiro chinês é bastante "frágil e débil" para representar uma verdadeira ameaça ao status do dólar no mundo, afirma Mark Sobel, presidente do Fórum Oficial de Instituições Monetárias e Financeiras (OMFIF, na sigla em inglês).
"No final, os mercados têm mais confiança no [Sistema de] Reserva Federal [dos EUA]" do que no banco central da China, diz Sobel, que já trabalhou em assuntos internacionais do Departamento do Tesouro dos EUA, citado pela agência.