Em meio ao aumento das tensões entre Irã e Israel, o ex-assessor de segurança israelense, Yaakov Amidror, alertou na segunda-feira (12) que Teerã tem a capacidade de infligir sérios danos a Israel, que, para Amidror, deve trabalhar com o novo governo dos EUA no combate à ameaça iraniana.
"Sim, o Irã tem potencial para nos arruinar significativamente. Depende de que nível eles querem produzir este encontro", disse Amidror, que atualmente é membro sênior do Instituto de Estudos Estratégicos de Jerusalém, à rádio local 103 FM.
Amidror ainda afirmou que Teerã pode prejudicar israelenses e instituições do país no exterior, não sendo a primeira vez que algo do tipo acontece. "No nível mais alto [de agravamento], eles [iranianos] podem disparar mísseis contra o Estado de Israel", afirmou.
Seus comentários vêm em meio a indicações de que o conflito Israel-Irã está cada vez mais sendo travado no mar, marcando uma mudança no atrito que antes ocorria principalmente por meio de ataques aéreos, ataques cibernéticos, supostas atividades de espionagem e em terra, de acordo com o The Times of Israel. Enquanto isso, as agências de inteligência de Israel alertaram sobre os esforços iranianos para atrair israelenses ao exterior para sequestrá-los ou prejudicá-los.
A opinião de Amidror surge dias depois de um aparente ataque à instalação nuclear iraniana de Natanz, que estaria ligado a Israel. O ex-assessor de segurança rejeitou as alegações de que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu pode estar aumentando as tensões com Teerã para seu próprio benefício político.
"Posso dizer, por experiência própria com o primeiro-ministro, que Benjamin Netanyahu era muito sério nessa questão durante o tempo em que trabalhei com ele", afirmou.
O ministro da Defesa de Israel, Benny Gantz, pediu, também na segunda-feira (12), uma investigação de alto nível sobre os recentes vazamentos aparentes para a imprensa por autoridades israelenses sobre os recentes ataques, dizendo que eles estavam "prejudicando nossas tropas, nossa segurança e os interesses do Estado de Israel".
Ao contrário de Amidror, Gantz argumenta o oposto sobre Netanyahu, alegando que o primeiro-ministro estaria agindo não por motivos de segurança nacional, mas por seus próprios interesses políticos, levantando o espectro da guerra para pressionar potenciais aliados a se juntar à sua coligação governamental, devido à sua "ampla experiência no campo político-diplomático".
No fim de semana, surgiram relatos de que a instalação nuclear iraniana de Natanz havia sofrido apagão comandado por um ataque cibernético israelense. Jerusalém se recusou a comentar o assunto.
A falha elétrica ocorreu horas depois de Teerã ter acionado uma nova e mais potente centrífuga, que poderia enriquecer urânio em uma taxa muito mais rápida do que seu equipamento existente. Amidror sugeriu ainda que pode ter sido vazamento de informações de Washington.
"Por experiências anteriores, mais de uma vez os 'americanos' vazaram essas coisas, principalmente para evitar que do outro lado pensasse, mesmo que por um momento, que era uma ação americana", ponderou.
Amidror, que foi assessor de segurança nacional enquanto o acordo nuclear estava sendo elaborado e discutido com sua contraparte americana na época, Susan Rice, disse que Israel deve trabalhar com o novo governo dos EUA no Irã a fim de promover seus próprios objetivos.
"Não determinamos a administração nos EUA e devemos entender que esta é a administração e que dela devemos derivar o máximo benefício para o Estado de Israel. Não há nada do que reclamar; é a administração e temos que trabalhar com ela", ponderou Amidror.
O ex-assessor admite que Israel não possui o mesmo poder que os EUA. Mas que "a questão é o que fazemos com nossos pontos fortes e devemos fazer o nosso melhor com eles", acrescentou.
Recebendo o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, em seu gabinete em Jerusalém, Netanyahu afirmou em coletiva de imprensa conjunta que Israel e os EUA concordam em nunca permitir que o Irã obtenha armas nucleares.
"No Oriente Médio, não há ameaça mais perigosa, séria e urgente do que a do regime fanático do Irã", declarou Netanyahu, citando a busca do Irã por armas nucleares, armamento de grupos terroristas e chamadas para a aniquilação de Israel. Austin se absteve de mencionar explicitamente o Irã, mas disse que havia decidido viajar a Jerusalém para "expressar nosso desejo de consultas sinceras com Israel, enquanto abordamos desafios comuns na região", simplificou.
A visita de Austin ocorre em meio a conversas em andamento em Viena sobre o retorno do acordo nuclear de 2015 tanto pelo Irã quanto pelos EUA, um movimento que é fortemente contestado por Israel, particularmente por Netanyahu.