Pequim espera que os Estados Unidos possam trabalhar com a China para "se encontrarem no meio do caminho", disse o premiê chinês Li Keqiang nesta terça-feira (13) em uma conferência virtual com presidentes e executivos de mais de 20 grandes empresas americanas.
"[Precisamos] intensificar o diálogo e a comunicação e expandir a cooperação prática, gerenciar adequadamente as diferenças e impulsionar as relações sino-americanas na direção da estabilidade geral", disse Li, citado pela TV estatal.
Os laços bilaterais caíram ao nível mais baixo em décadas sob o governo Trump, que acusou a China de cometer uma série de delitos, desde roubo de propriedade intelectual até a disseminação do novo coronavírus, de acordo com reportagem da Reuters.
As negociações de alto nível no Alasca no mês passado, as primeiras desde que o presidente dos EUA Joe Biden assumiu o cargo, ainda não renderam nenhum avanço.
A necessidade de comunicação ficou ainda mais evidente quando, nesta terça-feira (13), o órgão de planejamento chinês disse a representantes na China de mais de 40 empresas dos EUA, em uma mesa redonda, que acolheria com agrado o diálogo com empresas dos EUA sobre qualquer reclamação, incluindo transferências forçadas de tecnologia e direitos de propriedade intelectual.
"Se você acredita que foi prejudicado ou intimidado na China, diga-nos primeiro", pediu Zhang Huanteng, vice-diretor do Departamento de Economia Nacional da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (NDRC, na sigla em inglês).
"Nos sentiríamos muito injustiçados se não estivéssemos cientes das coisas e o governo dos EUA nos dissesse primeiro", apontou Zhang, acrescentando que os reguladores chineses ficaram perplexos quando leram pela primeira vez o Relatório da Seção 301 dos EUA, que desencadeou a guerra comercial entre os dois países.
Funcionários da NDRC também informaram as empresas presentes, incluindo Intel, Johnson & Johnson e IBM, sobre o plano de desenvolvimento da China para 2021-2025, dizendo que há um enorme potencial para colaborar em veículos elétricos, neutralidade de carbono e economia digital.
"Esperamos que o círculo empresarial dos EUA possa trabalhar junto com a NDRC para empurrar o grande navio das relações sino-americanas de volta ao caminho do desenvolvimento saudável o mais rápido possível", disse Gao Jian, vice-diretor do Departamento Internacional da NDRC.
Tao Lin, vice-presidente da Tesla, disse a repórteres que recebeu com agrado o convite da NDRC para mais diálogo. "Os funcionários do NDRC são bastante diretos – se tivermos qualquer problema, podemos conversar com eles, então não há necessidade de irmos para a sede nos EUA, governos estrangeiros e depois voltar para a China", disse ela.