Uma das guerras mais longas da história dos EUA está perto do fim. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, deve anunciar ainda hoje (14), oficialmente, os planos de retirar as tropas norte-americanas do Afeganistão até 11 de setembro.
Apesar da iniciativa ser vista com bons olhos pela sociedade nos EUA, uma vez que o republicano Donald Trump já havia iniciado este processo, setores da inteligência apontam alguns perigos que a iniciativa pode ocasionar.
William Burn, diretor da CIA, disse nesta quarta-feira (14) que a capacidade de Washington de coletar e agir em relação às ameaças diminuirá quando chegar a hora dos militares se retirarem do Afeganistão.
"Há um risco significativo quando os militares dos EUA e os militares da coalizão se retirarem", disse Burns, segundo reportagem da Al Jazeera.
Na terça-feira (13), a agência de inteligência dos EUA expressou "profunda preocupação" com as perspectivas para o governo apoiado pelos EUA em Cabul.
"O governo afegão terá dificuldade em manter o Talibã [organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países] sob controle se a coalizão retirar o apoio", disse o representante da CIA na ocasião. "Cabul continua enfrentando contratempos no campo de batalha, e o Talibã está confiante de que pode alcançar a vitória militar", assinalou.
Esta não foi a primeira vez em que a CIA criticou a iniciativa de Joe Biden. Em 27 de março, autoridades informaram ao presidente Biden que, caso Washington se retirasse da região sem antes haver um acordo de partilha de poder entre o Talibã e Cabul, o país poderia vir a ser tomado pelo grupo radical.
A avaliação aponta que, caso o Talibã tomasse controle do país, não só colocaria em risco os direitos das mulheres, como também poderia promover o crescimento proeminente de grupos terroristas na região.
O governo Biden, por sua vez, disse recentemente que buscará "apoiar o processo de paz em andamento". Esse processo de paz, porém, teve até agora pouco progresso: quase 1.800 civis afegãos foram mortos ou feridos nos primeiros três meses de 2021 nos combates entre o Talibã e as forças do governo de Cabul.