Aliados do líder da oposição Juan Guaidó na Venezuela estão há meses em negociações com autoridades estatais para o uso dos fundos congelados pelo Tesouro dos Estados Unidos - como parte das sanções contra o governo do presidente Nicolás Maduro – no pagamento de vacinas contra a COVID-19 por meio do programa COVAX, disse o chefe da legislatura controlada pelo governo nesta terça-feira (13).
Maduro disse no fim de semana que seu governo pagou cerca de US$ 64 milhões (equivalentes a mais de R$ 365 milhões) à Aliança GAVI de vacinas, levantando dúvidas sobre se o governo encerraria as negociações para usar os fundos congelados para a campanha de vacinação.
Jorge Rodríguez, chefe da Assembleia Nacional dominada pelo Partido Socialista no poder, disse que as negociações sobre os fundos "sequestrados" vão continuar.
"Se mais recursos sequestrados forem usados, será para comprar as vacinas necessárias por meio da Organização Pan-Americana da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OMS)", anunciou Rodríguez em coletiva de imprensa.
Em 2019, Washington congelou US$ 342 milhões (quase R$ 2 bilhões) em poder do Banco Central venezuelano nos EUA, como parte de um programa de sanções que pretendia tirar Maduro da presidência. Os fundos foram colocados sob o controle do líder da oposição Guaidó e do governo provisório que ele criou, mas, para movê-los, é necessária uma autorização do Tesouro norte-americano.
Um grupo de trabalho criado no ano passado para garantir o acesso da Venezuela ao programa COVAX, que inclui funcionários do Ministério da Saúde e assessores de Guaidó, continuará tentando usar os fundos da Agência de Controle de Ativos Estrangeiros dos EUA (OFAC, órgão do Tesouro) para vacinas, disse Rodríguez.
Foi a primeira vez que um funcionário do governo reconheceu publicamente as discussões com os aliados de Guaidó, que ele descreveu como "sequestradores".
O grupo empresarial Fedecámaras apresentou no mês passado um plano de aquisição de vacinas para trabalhadores do setor privado e seus familiares e que foi entregue a Rodríguez, que é uma figura influente no governo de Maduro. Rodríguez disse que o plano apresentado por Fedecámaras "não está morto".
A Venezuela recebeu 750 mil doses de vacinas fornecidas por países aliados, como Rússia e China, que as autoridades dizem ter sido administradas em profissionais de saúde.