Atualmente, os EUA lideram a produção de chips, no entanto, o país cedeu em grande parte sua fabricação de semicondutores (vitais para o desenvolvimento de produtos que vão de celulares a carros e caminhões) para empresas em Taiwan, Coreia do Sul, Japão e China, segundo o jornal South China Morning Post.
O presidente Joe Biden planeja investir US$ 50 bilhões (cerca de R$ 284 bilhões) em financiamento para produção e pesquisa de semicondutores, e assim, resolver o problema da escassez global. Sua proposta legislativa tem apoio bipartidário no Congresso norte-americano.
O pesquisador sênior do Instituto Coreano de Economia Industrial e Comércio, na Coreia do Sul, Kim Yang-paeng, afirmou que os fabricantes de chips sul-coreanos estariam preocupados com a vontade de Washington de aumentar a produção de chips nos Estados Unidos.
"Os EUA poderão aumentar a produção dentro de alguns anos pois dispõem dessa tecnologia, mas isso certamente resultaria em um excesso de oferta global e na queda de preços", disse Yang-paeng, citado pela mídia.
"Esta possibilidade dá aos fabricantes de chips semicondutores uma grande dor de cabeça", adicionou o especialista.
Yang-paeng ainda disse que a Coreia do Sul enfrentaria cada vez mais um "dilema" de como satisfazer a China, seu mercado dominante de exportações, e ao mesmo tempo manter os EUA também satisfeitos, sendo este último seu aliado em segurança e o país detentor da patente para fabricação de semicondutores.
As exportações de semicondutores da Coreia do Sul chegaram a US$ 99 bilhões (cerca de R$ 562 bilhões) em 2020, 60% dos quais foram para a China, segundo Yang-paeng.
O especialista afirmou que, apesar da pressão dos EUA e da China, ele não acredita que as considerações políticas teriam uma grande influência sobre os planos de investimento a longo prazo dos fabricantes de chips, no valor de dezenas de bilhões de dólares. No entanto, mesmo que as empresas sul-coreanas queiram trabalhar mais alinhadas com Pequim, haveria desafios devido às restrições dos EUA sobre sua tecnologia e o temido excesso de oferta global.