Portugal pode em breve começar a produzir a vacina russa Sputnik V contra a COVID-19, ou pelo menos alguns componentes dessa vacina, relata o jornal Público nesta sexta-feira (16). O presidente da Câmara Municipal de Cascais (que equivale a Prefeitura no Brasil), Carlos Carreiras, foi o intermediário entre o Fundo Russo de Investimentos Diretos (RFPI, na sigla em russo) e o governo de Portugal. As negociações envolveram ainda a empresa Hikma, com sede em Sintra, Portugal.
"[A Hikma está] disponível para vir a fazer parte da solução e ajudar Portugal se for essa a vontade do governo português e obtiver as devidas licenças do Infarmed [agência reguladora de medicamentos de Portugal], afirmou à mídia o diretor-geral da Hikma, Riad Mishlawi.
A Hikma investiu 30 milhões de euros (aproximadamente R$ 202 milhões) na expansão da fábrica de Sintra em 2019 e seria uma das 11 empresas identificadas pelo governo português como capazes de contribuir para aumentar a quantidade de vacinas fabricadas na União Europeia, relata a mídia.
O primeiro-ministro de Portugal, António Costa, comentou a iniciativa do presidente da Câmara de Cascais: "Por nós, isso não tem problema nenhum, desde que a vacina tenha licença da União Europeia e o local de produção também esteja licenciado. É um ótimo desafio para a indústria portuguesa", disse o primeiro-ministro.
Sputnik e a União Europeia
Embora a Sputnik V ainda não tenha sido autorizada pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA, na sigla em inglês), a Alemanha iniciou negociações bilaterais com a Rússia para discutir a aquisição de doses da vacina e o premiê da Itália já afirmou que quer a Sputnik V no país mesmo sem autorização da Comissão Europeia.
Por sua vez, a Áustria vai encomendar um milhão de doses da vacina russa, com entregas entre abril e início de junho, disse o chanceler Sebastian Kurz recentemente.
A vacina Sputnik V já foi aprovada em 60 países. O imunizante russo ocupa o segundo lugar no mundo em termos de número de aprovações recebidas por reguladores governamentais. A eficácia da vacina em 91,6% foi confirmada pela publicação de dados da prestigiada revista científica The Lancet.