Pesquisadores afirmam ter encontrado "o elo perdido", uma escrita transitória entre símbolos do Antigo Egito e as letras de alfabetos da antiguidade da região do Levante (que compreende Síria, Jordânia, Israel, Palestina, Líbano e Chipre). Os resultados da pesquisa foram publicados na revista científica Antiquity.
Os primeiros caracteres surgiram no Egito no século XIX a.C., enquanto o alfabeto fonético mais comum para nós surgiu no Oriente Médio por volta do século XIII a.C. Até agora, pesquisadores não tinham encontrado evidências materiais relacionadas ao período transitório de seis séculos que divide estas duas etapas mais importantes para o desenvolvimento da escrita.
Pelo visto, a lacuna foi finalmente preenchida. Arqueólogos austríacos e israelenses liderados por Felix Hoflmayer, do Instituto Arqueológico da Áustria, encontraram, durante escavações no sítio arqueológico israelense de Tel Lachish, um fragmento de jarro de cerâmica com uma inscrição feita cerca de 3.450 anos atrás.
"Datada do século XV a.C., esta é atualmente a mais antiga inscrição alfabética datada com segurança do Levante meridional", de acordo com autores da pesquisa.
O fragmento de cerâmica é bem pequeno, e as letras estão escritas na diagonal. Dá para identificar duas linhas, tendo cada uma delas três letras. Dois caracteres adicionais são vistos à direita da linha acima e mais um – entre as linhas.
Todas essas letras, segundo especialistas, fazem parte de um antigo alfabeto semítico que outrora era utilizado na península Arábica. Algumas delas, com poucas alterações, ainda existem na língua hebraica, por exemplo, a letra Ayin representada pelo hieróglifo parecido a um olho.
"Como na maioria das inscrições alfabéticas antigas do Levante meridional, esta letra tem forma de círculo, semelhante a uma íris sem pupila", notam os autores da pesquisa.
No entanto, os arqueólogos ainda não têm certeza o que significam as palavras no jarro. É bem possível que façam parte de palavras ou de nomes mais longos.
Perto do jarro, os arqueólogos encontraram vestígios de grãos de cevada, com ajuda dos quais foi determinada a idade da descoberta.