Após o anúncio dos EUA de retirar suas tropas do Afeganistão, seus aliados escandinavos da Noruega e Dinamarca decidiram seguir o exemplo.
"Iniciaremos a retirada das forças norueguesas em 1º de maio e terminaremos em setembro", revelou Ine Eriksen Soreide, ministra das Relações Exteriores da Noruega, à emissora NRK.
Segundo Eirik Kristoffersen, chefe da Defesa, as forças norueguesas serão entre as últimas a deixar o Afeganistão.
"Nossas forças têm uma localização especial e uma missão importante, o que significa que tanto as forças especiais quanto o hospital de campo estarão presentes enquanto outros países da OTAN retiram suas forças de outras regiões", disse Kristoffersen ao jornal Verdens Gang.
"Vamos facilitar a retirada. Em outras palavras, as forças norueguesas estarão entre as últimas a deixarem o país."
Um anúncio semelhante veio da Dinamarca.
"Estamos começando nossos preparativos", referiu Jeppe Kofod, ministro das Relações Exteriores, à emissora TV2.
"É claro que nunca mais permitiremos que haja um santuário para os terroristas que podem nos atacar, seja no Afeganistão, no Iraque ou no 'califado'", acrescentou.
A Noruega tem atualmente cerca de 95 pessoas no Afeganistão, incluindo uma equipe médica de cerca de 40 pessoas, bem como forças especiais localizadas em um aeroporto em Cabul. A Dinamarca tem cerca de 160 efetivos no país, divididos em tarefas de treinamento, assessoria e apoio, bem como oficiais de estado-maior para apoio logístico, administrativo e técnico.
Resultado 'decepcionante'
A aliança liderada pelos EUA aparenta estar se retirando sem nenhuma garantia por parte do Talibã (organização terrorista, proibida na Rússia e em vários outros países), o que não é muito bem-visto.
"Ninguém deve acreditar que isto será fácil. É exigente, e estamos realmente na escolha entre soluções mais ou menos más", comentou Soreide.
De acordo com um relatório de uma comissão governamental, a Noruega não contribuiu para mudar os desenvolvimentos no Afeganistão. Apesar de anos de esforços internacionais, a situação continua "decepcionante", de acordo com Bjorn Tore Godal, diretor da comissão e ex-ministro das Relações Exteriores e da Defesa. O relatório concluiu que a Noruega alcançou apenas uma meta, a de ser um bom aliado dos EUA.
O Ministério das Relações Exteriores dinamarquês, pelo contrário, acredita que a missão dinamarquesa ajudou a criar um Afeganistão "mais livre". O portal do ministério lista o fato de o Talibã não estar mais no poder como uma conquista da Dinamarca.
No entanto, analistas militares norte-americanos acreditam que o Talibã ainda continua forte e que o governo corre o risco de ser derrubado quando a OTAN recuar.
"É provável que o Talibã obtenha ganhos no campo de batalha, e o governo afegão lutará para manter o Talibã à distância se a coalizão retirar o apoio", concluíram os serviços de inteligência dos EUA em sua Avaliação Anual de Ameaças.
Martin Lidegaard, ex-ministro dinamarquês das Relações Exteriores, do Partido Social Liberal, sugeriu em um post no Facebook que a OTAN está se retirando antes de a missão no Afeganistão terminar.