Os tiranossauros ferozes podem não ter sido predadores solitários como pensavam os cientistas. De acordo com uma nova pesquisa revelada na segunda-feira (19), os famosos tiranossauros eram provavelmente mais parecidos com carnívoros sociais como os lobos que vivem em matilha.
Os paleontólogos desenvolveram a teoria enquanto estudavam um local de morte em massa de tiranossauros encontrado há sete anos no Monumento Nacional Grand Staircase-Escalante no sul de Utah, nos EUA. Inclusive, é um dos dois monumentos que o governo Biden está considerando restaurar ao seu tamanho normal depois que o ex-presidente Donald Trump os encolheu.
Usando análises geoquímicas de ossos e rochas, uma equipe de pesquisadores da Universidade de Arkansas determinou que os dinossauros morreram e foram enterrados no mesmo lugar e não foram resultado da lavagem de fósseis de várias áreas.
Mass fossil site may prove tyrannosaurs lived in packs. https://t.co/0h9mxziTmA pic.twitter.com/ybcJ9K5wyh
— Boston.com (@BostonDotCom) April 19, 2021
O sítio massivo de fósseis pode provar que os tiranossauros viviam em bandos.
O local em Utah é o terceiro túmulo em massa de tiranossauros descoberto na América do Norte, reforçando uma teoria desenvolvida há 20 anos de que eles viviam em bandos. No entanto, mais pesquisas precisam ser feitas para reforçar o argumento, ponderou Kristi Curry Rogers, professora de biologia do Colégio Macalester que não estava envolvida na pesquisa, mas revisou a descoberta nesta semana.
"É um pouco mais difícil ter tanta certeza de que esses dados significam que esses tiranossauros viveram juntos nos bons tempos", disse Rogers. "É possível que esses animais tenham vivido na mesma vizinhança que os outros sem viajar juntos em um grupo social, e apenas se reuniram em torno de recursos cada vez menores à medida que os tempos ficavam mais difíceis."
Em 2014, o paleontólogo do Escritório de Gerenciamento da Terra, Alan Titus, descobriu o local, que mais tarde foi chamado de pedreira Rainbows and Unicorns (Arco-íris e Unicórnios) por causa da vasta gama de fósseis contidos nele. A escavação está em andamento desde a descoberta do local por causa do tamanho da área e do volume dos ossos.
"Eu considero esta uma descoberta única na vida para mim", disse Titus a repórteres durante uma entrevista coletiva virtual. "Provavelmente não encontrarei outro sítio tão empolgante e cientificamente significativo durante minha carreira."
De acordo com Titus, a teoria dos tiranossauros sociais foi questionada ao longo dos anos por muitos cientistas, argumentando que os dinossauros não tinham inteligência para se envolver em uma interação social sofisticada.
"Dar o próximo passo para entender o comportamento e como os animais se comportam requer evidências realmente surpreendentes", afirmou Joseph Sertich, curador de dinossauros do Museu de Ciência e Natureza de Denver, em entrevista coletiva.
"Acho que este sítio, a coleção espetacular de tiranossauros, mas também as outras peças de evidência reunidas, […] nos leva ao ponto em que podemos mostrar algumas evidências de comportamento", confirma Sertich.
Além dos tiranossauros, os pesquisadores também encontraram no local sete espécies de tartarugas, vários peixes e espécies de raia, dois outros tipos de dinossauros e um esqueleto quase completo de um crocodilo Deinosuchus juvenil. Esses outros animais não parecem ter morrido todos juntos.
Grupos de paleontologia estão entre os que pressionam o governo federal a restaurar os Monumentos Nacionais Bears Ears e Grand Staircase-Escalante aos seus tamanhos originais para proteger o rico registro paleontológico e arqueológico da região.
"Eles [os fósseis] são parte da história de como a América do Norte surgiu e como, em última análise, viemos a existir", defende Titus.