Nesta quarta-feira (21), o governo federal australiano rasgou quatro acordos entre o estado da Victoria e nações estrangeiras, incluindo dois ligados ao acordo do governo estadual com a iniciativa Um Cinturão, Uma Rota com a China, de acordo com o The Guardian.
A ministra das Relações Exteriores, Marise Payne, disse que cancelaria esses dois negócios, junto com outros dois acordos mais antigos entre o governo e entidades iranianas e sírias, porque não se encaixam mais na política externa australiana.
"Eu considero esses quatro acordos inconsistentes com a política externa da Austrália ou adversos às nossas relações externas, de acordo com o teste relevante da Lei de Relações Exteriores da Austrália de 2020", disse a ministra citada pela Reuters.
Em dezembro de 2020, o Parlamento federal concedeu poder de veto sobre negócios estrangeiros feitos por estados australianos.
O cancelamento cobre um memorando de entendimento que o premiê do estado da Victoria, Daniel Andrews, assinou com a comissão de reforma e desenvolvimento nacional da China em 2018, o qual incluía trabalho conjunto entre as duas nações na iniciativa Um Cinturão, Uma rota.
A quebra dos acordos acontece em um momento em que as relações entre o governo australiano e chinês caíram aos níveis mais baixos em décadas. A China impôs uma série de sanções comerciais às exportações australianas que vão de vinho a carvão.
Nesta quarta-feira (21), a China, através do vice-chefe da Embaixada da China na Austrália, Wang Xining, disse que não haverá "degelo imediato" nas relações entre os dois países, pois não foi Pequim quem procurou o ambiente hostil entre as duas nações, segundo a Bloomberg.
"Nossa política em relação à Austrália tem sido consistente em todo o caminho. Não fizemos nada intencionalmente para prejudicar esse relacionamento, mas vimos muitos incidentes nos últimos anos nos quais os interesses da China foram prejudicados", disse Wang em entrevista a repórteres australianos citado pela mídia.
Questionado sobre o que Camberra poderia fazer para reparar os laços, Wang disse que deveria respeitar a soberania e "abster-se de interferir nos assuntos internos de terceiros", evitar vetar investimentos chineses na Austrália e não "obstruir os programas de intercâmbio entre pessoas".