Comentando sobre as observações do chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, sobre as "ações perturbadoras" dos serviços de inteligência russos, a representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, aconselhou a UE a lidar com seus próprios problemas e pediu ao bloco que publicasse um relatório sobre as atividades dos serviços de inteligência da UE.
"Temos constantemente comentado casos individuais e declarações globais semelhantes, chamando-os de absurdos e sem fundamento, mas eu realmente quero fazer uma pergunta [e], finalmente, é a hora e já é possível: quando ouviremos de Bruxelas, do chefe da diplomacia europeia, uma análise detalhada e ver um relatório sobre as atividades dos serviços especiais dos Estados-membros da UE? Eles os têm e têm bilhões de dólares em orçamentos, o que estão fazendo? Onde? Como? Quanto? Na direção de quem? A quem eles obedecem? Com quem eles interagem?", questionou Zakharova durante entrevista à rádio russa Vesti FM.
Os comentários de Borrell ocorreram após o Ministério das Relações Exteriores da República Tcheca comunicar a expulsão de 18 diplomatas russos. Na quarta-feira (21), Borrell pediu a Moscou que se abstenha de atividades que "ameacem a segurança e a estabilidade na Europa", observando que o bloco também responderá decisivamente às "ações perturbadoras" dos serviços de inteligência russos.
Alegações tchecas e equipes diplomáticas
Praga alega que a inteligência russa estaria envolvida nas explosões em um depósito de munição na República Tcheca em 2014. Na ocasião, duas pessoas morreram no incidente.
A República Tcheca exigiu na quarta-feira (21) que a Rússia permita o retorno de 20 funcionários expulsos da embaixada tcheca a Moscou ou enfrentará novos despejos de seus diplomatas de Praga. Além disso, o chanceler tcheco, Jakub Kulhanek, disse que cerca 60 russos deveriam deixar Praga para alcançar a paridade no número de funcionários da embaixada russa em Praga e da embaixada tcheca em Moscou.
O MRE russo afirmou nesta quinta-feira (22) que retaliaria qualquer nova medida tomada por Praga contra a equipe diplomática russa. E Zakharova explicou que a Rússia e a República Tcheca têm abordagens diferentes para a paridade no número de funcionários de missões diplomáticas, já que Moscou não contrata cidadãos locais.
"Quanto à paridade, temos diferentes sistemas de pessoal para nossas missões estrangeiras. Não estamos falando exclusivamente da República Tcheca. Muitos países, não apenas os ocidentais, contratam pessoas entre a população local e, portanto, atendem às embaixadas. Não temos tal prática. Apenas diplomatas são nomeados como funcionários diplomáticos, e o pessoal administrativo e técnico também são do nosso país", disse Zakharova.