Um antigo tipo de coronavírus pode ter infectado pessoas que viviam no Leste Asiático há 25 mil anos e por milênios depois, segundo o portal Live Science.
Para realizar o estudo, o principal autor da pesquisa, David Enard, da Universidade do Arizona, nos EUA e uma equipe composta por cientistas de diversas universidades, utilizaram informações disponíveis em um banco de dados público.
Os cientistas analisaram os genomas de 2.504 pessoas em 26 diferentes populações humanas em todo o mundo. Dessas mais de 2.500 pessoas, foi examinado um conjunto de 420 proteínas humanas conhecidas por interagirem com os coronavírus, 332 das quais interagem com o SARS-CoV-2. O estudo foi publicado no site de pré-impressão bioRxiv.
Os genes que codificam essas proteínas sofrem mutação constante e aleatória, mas se uma mutação der uma vantagem a um gene - como uma melhor capacidade de combater um vírus - ele terá uma chance maior de ser transmitido à próxima geração.
No estudo entre pessoas de ascendência asiática, certos genes conhecidos por interagirem com coronavírus foram selecionados. Esse conjunto de mutações provavelmente ajudou os ancestrais dessa população a se tornarem mais resistentes ao vírus antigo, alterando a quantidade dessas proteínas produzida pelas células e deixando na "memória" dos genes a existência desse vírus, por isso, foi possível identificar sua presença na atual análise tantos anos depois.
"Sempre houve vírus infectando populações humanas, os vírus são realmente um dos principais motores da seleção natural nos genomas humanos" disse Enard citado pela mídia.
Outro grupo de pesquisadores descobriu recentemente que os sarbecovírus, a família do coronavírus que inclui o SARS-CoV-2, evoluíram pela primeira vez 23.500 anos atrás, na mesma época em que as variantes em genes que codificam proteínas associadas ao coronavírus surgiram nas pessoas. O estudo também foi publicado no site de pré-impressão bioRxiv, mas ainda não passou por revisão.
Embora as descobertas sejam intrigantes, elas não mudam nossa compreensão de quais populações sobrevivem melhor às infecções por SARS-CoV-2, disse Enard. Não há evidências de que essas antigas adaptações de genes ajudem a proteger as pessoas modernas do SARS-CoV-2. Na verdade, é "quase impossível fazer esse tipo de afirmação", disse o autor.
Enard e sua equipe agora esperam colaborar com os virologistas para entenderem como essas adaptações ajudaram os humanos antigos a sobreviver à exposição a esse coronavírus primitivo. A equipe também espera que, eventualmente, esses estudos do genoma antigo possam ser usados como um "sistema de alerta precoce" para futuras pandemias.