O intervalo entre a administração de primeira e segunda doses do imunizante contra COVID-19 desenvolvido na Rússia pode ser aumentado de 21 dias para até rês meses, disse Aleksandr Gintsburg, diretor do Centro Nacional de Pesquisa de Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya, em Moscou, que desenvolveu a Sputnik V.
"A pedido dos nossos parceiros estrangeiros, informamos que consideramos possível aumentar o intervalo mínimo entre a administração de primeiro e segundo componentes da vacina de 21 dias previamente aprovados para três meses no mercado externo. Este aumento no intervalo não afetará a força da resposta imune causada por nossa vacina e, em alguns casos, aumentará e prolongará", disse Gintsburg.
Segundo o diretor, os especialistas chegaram a essa conclusão com base na experiência de uso de vacinas de uma plataforma idêntica de adenovírus, bem como nas campanhas de vacinação em massa bem-sucedidas da população da Rússia e de vários países estrangeiros.
"Acreditamos também que, em um contexto de extrema demanda de vacinas por parte da população, esta solução aceleraria significativamente a imunização", acrescentou Gintsburg, que comentou que cada regulador nacional pode decidir por si só manter o intervalo entre as injeções de 21 dias ou estendê-lo por até 90 dias.
Por sua vez, na Rússia o intervalo entre a administração de primeira e segunda doses da vacina Sputnik V continuará a ser de 21 dias, detalhou. Após uma análise dos dados de 3,8 milhões de cidadãos russos vacinados, o Fundo Russo de Investimentos Diretos (RFPI, na sigla em russo) informou em 19 de abril que a eficácia da Sputnik V é de 97,6%.
Gintsburg afirmou que a real eficácia da vacina pode ser ainda maior, explicando que os dados do sistema de registro de infectados podem incluir um atraso entre a data da coleta e o diagnóstico.
O diretor-geral do RFPI, Kirill Dmitriev, declarou que estes números "permitem afirmar com certeza que a Sputnik V garante um dos melhores níveis de proteção" entre todas as vacinas mundiais.
"Vemos que os 60 países que aprovaram o uso da Sputnik V em seu território tomaram a decisão certa em favor de uma das ferramentas mais eficazes de prevenção do coronavírus", concluiu.