Cientistas desvendam parentesco de extinto crocodilo 'chifrudo' com exames modernos de DNA (FOTO)

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Crocodilo - Sputnik Brasil, 1920, 27.04.2021
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Com base no DNA, pesquisadores mostram que o crocodilo "chifrudo" estava intimamente relacionado aos crocodilos "verdadeiros", mas em um ramo separado da árvore genealógica dos crocodilo.

Um estudo conduzido por cientistas do Museu Americano de História Natural resolveu a controvérsia de longa data sobre um extinto crocodilo com chifres que provavelmente viveu entre os humanos em Madagascar, na África. Com base em DNA antigo, a pesquisa mostra que o crocodilo "chifrudo" estava intimamente relacionado aos crocodilos "verdadeiros", incluindo o famoso espécime do Nilo, mas em um ramo separado da árvore genealógica dos crocodilos.

O estudo, publicado nesta terça-feira (27) na revista Communications Biology, contradiz o pensamento científico mais recente sobre as relações evolutivas do crocodilo com chifres e também sugere que o ancestral dos crocodilos modernos provavelmente se originou na África.

"Este crocodilo estava escondido na ilha de Madagascar durante o tempo em que as pessoas estavam construindo as pirâmides e provavelmente ainda estava lá quando os piratas ficavam presos na ilha", disse o autor principal Evon Hekkala, professor assistente da Universidade Fordham e pesquisador associado do Museu Americano de História Natural.

"Eles desapareceram imediatamente antes de termos as ferramentas genômicas modernas disponíveis para dar sentido às relações entre seres vivos. E ainda assim, eles eram a chave para entender a história de todos os crocodilos que vivem hoje", completou.

© Foto / M. Ellison / Museu Americano de História NaturalCrânio do extinto crocodilo com chifres de Madagascar (Voay robustus), que faz parte da coleção de paleontologia do Museu Americano de História Natural
Cientistas desvendam parentesco de extinto crocodilo 'chifrudo' com exames modernos de DNA (FOTO) - Sputnik Brasil, 1920, 27.04.2021
Crânio do extinto crocodilo com chifres de Madagascar (Voay robustus), que faz parte da coleção de paleontologia do Museu Americano de História Natural

A chegada dos humanos modernos a Madagascar, entre cerca de 9.000 e 2.500 anos atrás, precedeu a extinção de muitos dos grandes animais da ilha, incluindo tartarugas gigantes, pássaros-elefantes, hipopótamos-anões e várias espécies de lêmures.

Uma extinção menos conhecida que ocorreu durante este período foi a de um crocodilo "chifrudo" endêmico, Voay robustus. Os primeiros exploradores de Madagascar observaram que os povos malgaxes sempre se referiam a dois tipos de crocodilos na ilha: um crocodilo grande e robusto e uma forma mais graciosa com preferência por rios. Isso sugere que ambos os tipos persistiram até muito recentemente, mas apenas a forma grácil, agora reconhecida como uma população isolada do crocodilo do Nilo (Crocodylus niloticus), é encontrada atualmente na ilha.

Apesar de quase 150 anos de pesquisa, a posição do crocodilo com chifres na árvore da vida permanece controversa. Na década de 1870, ele foi descrito pela primeira vez como uma nova espécie dentro do grupo dos "crocodilos verdadeiros", que inclui os crocodilos do Nilo, asiáticos e americanos.

Então, no início do século XX, pensava-se que os espécimes simplesmente representavam crocodilos do Nilo muito antigos. E finalmente, em 2007, um estudo baseado nas características físicas dos espécimes fósseis concluiu que o crocodilo com chifres não era realmente um crocodilo verdadeiro, mas do grupo que inclui os crocodilos-anões.

"Desvendar as relações dos crocodilos modernos é realmente difícil por causa das semelhanças físicas", confirmou Hekkala.

Para examinar completamente o lugar do crocodilo com chifres na árvore evolucionária, Hekkala e seus colaboradores no museu fizeram uma série de tentativas de sequenciar o DNA de espécimes fósseis, incluindo dois crânios bem preservados que estão no museu desde os anos 1930.

"Este é um projeto que tentamos fazer com interrupções por muitos anos, mas a tecnologia não tinha avançado o suficiente, então sempre falhou", disse o coautor do estudo George Amato, diretor emérito do Instituto de Genômica Comparada do museu.

"Mas com o tempo, obtivemos tanto a configuração computacional como os protocolos paleogenômicos que poderiam extrair o DNA do fóssil e finalmente encontrar um lar para essa espécie", celebrou Amato.

Os resultados colocam o crocodilo com chifres ao lado do ramo do crocodilo verdadeiro na árvore evolucionária, tornando-o a espécie mais próxima do ancestral comum dos crocodilos que vivem hoje. "Esta descoberta foi surpreendente e também muito informativa sobre como pensamos sobre a origem dos crocodilos verdadeiros encontrados nos trópicos hoje", disse Amato.

Para ele, a localização desse indivíduo sugere que os crocodilos verdadeiros se originaram na África, e de lá alguns possivelmente foram para a Ásia, para o Caribe e o Novo Mundo. "Nós realmente precisávamos do DNA para obter a resposta correta para esta pergunta", concluiu.

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