Nesta semana, novos combates eclodiram contra um grande grupo rebelde étnico na fronteira oriental do país.
O líder dos militares, Min Aung Hlaing, participou de uma reunião no último fim de semana em Jacarta, na Indonésia, sobre a crise mianmarense com os líderes da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN). Foi a primeira viagem ao exterior de Hlaing desde que assumiu o poder.
Os líderes dos países vizinhos emitiram uma declaração de "consenso de cinco pontos" que pedia a "cessação imediata da violência" e uma visita a Mianmar por um enviado especial regional.
Nesta terça-feira (27), o Conselho Administrativo do Estado de Mianmar – como os militares se autodenominam – disse que consideraria as "sugestões construtivas feitas pelos líderes da ASEAN quando a situação retornar à estabilidade no país".
O comunicado – publicado pelo veículo local Global New Light of Myanmar – também informou que as sugestões de seus vizinhos seriam "consideradas positivamente se [a ASEAN] facilitar a implementação" do roteiro de cinco etapas.
O porta-voz dos militares, Zaw Min Tun, disse à AFP que o comando do país estava "satisfeito" com a viagem, dizendo que havia sido capaz de explicar a "situação real" aos líderes da ASEAN.
A ASEAN, no entanto, não é conhecida por sua influência diplomática e especialistas questionam a eficácia com que ela pode influenciar os acontecimentos no país.
O ex-embaixador dos EUA em Mianmar, Scot Marciel, alertou que a resposta dos militares à ASEAN já mostra sinais de retrocesso.
Agree with @rhorsey that ASEAN cannot dither here, as the junta moves to walk back even the limited agreement reached Saturday. There should be urgent follow up, and costs imposed on the junta for delay. There is a reason no one in Myanmar trusts the Tatmadaw. https://t.co/n5cWgFI2K4
— Scot Marciel (@MarcielScot) April 27, 2021
Concordo com Richard Horseu [analista político] que A ASEAN não pode hesitar aqui, já que os militares se movem para retroceder até mesmo o acordo limitado alcançado no sábado [24]. Deve haver um acompanhamento urgente e custos impostos aos militares por atrasos. Há um motivo pelo qual ninguem em Mianmar confia no Tatmadaw [Forças Armadas de Mianmar].
Manifestações em Mianmar
Em 1º de fevereiro, poucas horas antes da constituição do novo Parlamento de Mianmar, os militares deram um golpe de Estado e prenderam vários líderes políticos, incluindo o presidente Win Myint e a conselheira de Estado Aung San Suu Kyi, decretando estado de emergência por um ano.
Os comandantes do Exército justificam o golpe com alegações de fraude nas eleições de novembro passado, que deram vitória à Liga Nacional para a Democracia.
O golpe gerou repúdio internacional e fez eclodir uma onda de protestos diários em Mianmar, com milhares de pessoas desafiando a violenta repressão militar. Mais de 750 civis morreram nas manifestações segundo um grupo local de monitoramento.