O Parlamento Europeu propôs nesta quarta-feira (28) desconectar Moscou do sistema de pagamento SWIFT e cessar as importações de petróleo e gás em caso de uma "invasão" russa na Ucrânia. A proposta consta em um projeto de resolução que deverá ser adotado na quinta-feira (29) após a sessão plenária.
"Se tal aumento militar no futuro se transformar em uma invasão da Ucrânia pela Federação da Rússia, a UE deve deixar claro que o preço por tal violação do direito e das normas internacionais seria elevado; insiste, portanto, que em tais circunstâncias as importações de petróleo e gás da Rússia para a UE sejam imediatamente interrompidas, e a Rússia deve ser excluída do sistema de pagamento SWIFT, e todos os ativos na UE de oligarcas próximos às autoridades russas e suas famílias na UE precisam ser congelados e seus vistos cancelados", lê-se no projeto de resolução.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse à Sputnik que a Rússia tem uma base para a criação de um análogo do SWIFT, sistema internacional interbancário de transmissão de informação e pagamentos ao qual são conectadas mais de 11 mil das maiores organizações de quase todos os países.
Nord Stream 2
A resolução também conclama o bloco a interromper a conclusão do gasoduto Nord Stream 2 (Corrente do Norte 2), liderado pela Rússia.
"UE deve reduzir a sua dependência da energia russa e insta as instituições da UE e todos os Estados-membros, por conseguinte, a interromper a conclusão do gasoduto Nord Stream 2 e a exigir o fim da construção de polêmicas centrais nucleares construídas [pelo grupo russo] Rosatom", diz o projeto de resolução.
O projeto Nord Stream 2 prevê a construção de duas linhas de um gasoduto com uma capacidade total de 55 bilhões de metros cúbicos de gás por ano da costa russa até a Alemanha, através do mar Báltico. Empresas da Áustria, França e Países Baixos também fazem parte do projeto. Até o momento, os EUA já impuseram duas rodadas de sanções ao Nord Stream 2.
Novas sanções
No projeto de resolução, os legisladores europeus também exigiram que a Rússia acabasse com a prática de "intensificações militares injustificadas destinadas a ameaçar seus vizinhos".
Além disso, o Parlamento Europeu exortou a UE a lançar um regime de sanções para crimes de corrupção e a incluir "oligarcas russos" neles.
"Exorta a UE e os seus Estados-membros a basear-se na proposta legislativa do Reino Unido para um Regime Global de Sanções Anticorrupção […] sublinha que os Estados-membros da UE não devem mais locais acolhedores para a riqueza russa e investimentos de origem obscura; exorta a Comissão e o Conselho [da UE] a intensificarem os esforços para conter os investimentos estratégicos do Kremlin na UE para fins de subversão, minando a processos e instituições democráticas e disseminação da corrupção", lê-se no projeto de resolução.
A decisão do Parlamento Europeu é uma recomendação à UE e não é vinculativa.