O presidente iraniano, Hassan Rouhani, alegou que Israel está por trás do assassinato de Qassem Soleimani, explicando que o ataque de drones dos EUA foi "provocado pelos sionistas".
"O martírio do general Soleimani foi dirigido pelos sionistas, embora [o ex-presidente dos EUA Donald] Trump fosse o comandante e o assassino", afirmou Rouhani durante uma reunião de gabinete na quarta-feira (28), citado pelo jornal The Times of Israel.
O presidente iraniano observou que o político republicano é "um mercenário do regime sionista" e acrescentou que "todas as ações [de Trump] foram provocadas pelos sionistas", reconhecendo que "é claro, os presidentes anteriores dos EUA eram amigos dos sionistas, mas não eram mercenários".
Rouhani não forneceu nenhuma evidência para apoiar as alegações feitas durante a reunião com outros funcionários do gabinete.
Declarações de Zarif
O presidente iraniano também fez comentários sobre as declarações bombásticas feitas pelo ministro das Relações Exteriores iraniano, Mohammad Javad Zarif, vazadas recentemente em áudio, onde o ministro afirma que seus esforços diplomáticos dentro do governo foram ofuscados pelas demandas do IRGC.
Nas gravações, Zarif diz que Soleimani muitas vezes causou mais danos do que benefícios em termos de manter a diplomacia com líderes globais, acrescentando especificamente que o oficial falecido havia supostamente tentado frustrar a assinatura do pacto nuclear de 2015, o Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês).
Na época, Zarif desempenhou um papel fundamental na assinatura do acordo nuclear, que viu os EUA suspenderem as sanções contra o Irã em troca de restrições nas capacidades nucleares da República Islâmica.
No áudio, o ministro também elogiou os esforços militares de Soleimani, destacando a cooperação produtiva do da Força Quds antes das invasões dos EUA no Afeganistão e no Iraque. Zarif por fim lamenta que a morte de Soleimani, dizendo que foi uma grande perda para o Irã.
O ministro das Relações Exteriores abordou o assunto durante a semana e indicou que lamenta profundamente as consequências políticas que resultaram de seu comentário gravado.
Rouhani observou durante a reunião que as gravações aparentemente vazaram propositalmente, já que as negociações em andamento em Viena, Áustria, destinadas a restaurar o JCPOA, estão "no auge de seu sucesso".
O presidente iraniano conclui que o vazamento foi realizado "para criar discórdia" dentro do Irã e "só podemos suspender as sanções por meio da unidade".