Uma reportagem de um jornal sul-coreano sobre uma suposta execução por Kim Jong-un, líder da Coreia do Norte, começou a ganhar força em outros veículos de imprensa.
O Daily NK, um jornal sediado em Seul, Coreia do Sul, que afirmou ter obtido relatos do vizinho do Norte através de uma rede de informantes em toda a zona desmilitarizada, publicou na sexta-feira (23) uma notícia alegando que o líder supremo norte-coreano havia ordenado que um funcionário do ministério responsável pela gestão das importações e exportações fosse executado por comprar o tipo errado de equipamento hospitalar para um novo hospital geral em Pyongyang.
Segundo o artigo, Kim queria que o hospital fosse rapidamente construído em meio à pandemia da COVID-19, e esperava que fosse preenchido com equipamento alemão, aparentemente devido a seu fascínio pela Europa depois de ter estudado lá em sua juventude.
No entanto, devido às restrições à importação induzidas pela pandemia e a um orçamento pequeno, o alto responsável teria comprado o equipamento a um preço melhor da vizinha China. O projeto hospitalar foi projetado para ser concluído em 10 de outubro de 2020, embora agora acredita-se que só lhe faltam ferramentas hospitalares.
Pelo menos uma causa do atraso na construção foi a descoberta de bombas americanas não explodidas durante o processo de escavação. Entre 1950 e 1953, os EUA participaram da Guerra da Coreia, em que a Força Aérea norte-americana bombardeou intensivamente Pyongyang e a Coreia do Norte em geral, com 20% da população norte-coreana tendo sido estimados como mortos pela ação militar.
De acordo com a mídia, o funcionário do Ministério das Relações Exteriores foi executado, e um funcionário sênior do Ministério da Saúde também foi demitido pelo fracasso.
A importação de equipamentos hospitalares para a Coreia do Norte é, de fato, um desafio, devido às sanções econômicas dos EUA, destinadas a proibir a importação de materiais que poderiam ser usados para fins militares ou de armas nucleares, mas que também têm o efeito colateral de bloquear ferramentas hospitalares.
Fontes das histórias
Relatos sobre funcionários norte-coreanos executados por erros aparentemente triviais, mas que frequentemente aparecem ilesos mais tarde, ou desaparecidos, têm sido bastante comuns.
O Daily NK obtém financiamento de uma organização ligada à Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês) dos EUA, o Fundo Nacional para a Democracia (NED, na sigla em inglês).
Criado pelo Congresso dos EUA em 1984, com um orçamento anual de US$ 18 milhões (R$ 96,19 milhões), o NED, como admitiu Carl Gershman, seu primeiro presidente, serviu como uma frente de poder brando conveniente para a CIA, porque "seria terrível para os grupos democráticos ao redor do mundo serem vistos como subsidiados pela CIA. Vimos isso na década de 1960, e é por isso que foi descontinuado. Não tivemos a capacidade de fazer isso, e é por isso que o fundo foi criado".
A ONG tem ajudado a fornecer financiamento para uma série de grupos e movimentos apoiadores da política externa dos EUA ao longo dos anos, incluindo o Centro de Solidariedade AFL-CIO, ligado aos sindicatos; o Movimento Juvenil no Egito durante os protestos da Primavera Árabe de 2011; o Congresso Mundial Uigur, o Projeto de Direitos Humanos Uigures desde 2004; e o Monitor de Direitos Humanos de Hong Kong, entre outros grupos fundamentais aos grandes protestos da cidade nos últimos anos.