A República Tcheca não está interessada em escalar as tensões com a Rússia e as relações podem melhorar e serem mutuamente benéficas, mas isso certamente exigirá respeito mútuo, afirmou o ministro tcheco das Relações Exteriores, Jakub Kulhanek.
"Não estamos interessados em escalar as relações. A Rússia é um ator europeu importante e assim permanecerá no futuro. Temos interesses opostos em algumas áreas. Somos a favor de uma solução pragmática de nossas relações, mas isso é difícil e requer [esforços] de ambas as partes. As relações tcheco-russas estão entrando em uma fase difícil. Mas acredito que isso será resolvido e teremos relações mutuamente benéficas. No entanto, isso requer respeito mútuo", disse Kulhanek em entrevista ao jornal eslovaco Pravda nesta quinta-feira (29).
Em 17 de abril, Praga anunciou que 18 diplomatas russos seriam expulsos do país por suspeita de que oficiais da inteligência militar de Moscou estivessem envolvidos nas explosões de 2014 em Vrbetice, que mataram dois cidadãos tchecos. Moscou considerou as acusações absurdas e retaliou expulsando 20 diplomatas tchecos, o que levou Praga a ordenar a saída de mais diplomatas em resposta.
"Tomo nota das declarações da Rússia, principalmente as declarações bastante categóricas do Ministério das Relações Exteriores [Sergei Lavrov]. Sou um realista. Espero que negociemos algumas questões técnicas nos próximos meses, por exemplo, o funcionamento de nossa embaixada em Moscou e a embaixada russa em Praga, pelo menos em algum modo limitado", acrescentou Kulhanek.
Resposta russa
A Rússia não vai tolerar "o que os tchecos estão fazendo agora", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
"As coisas que os tchecos estão fazendo agora, e a Bulgária, os países bálticos e outros [que] se juntam a eles por causa da chamada solidariedade [...]. Não vamos tolerar isso, já não toleramos e demonstramos isso de forma distinta", afirmou o porta-voz do Kremlin nesta quinta-feira (29).
Peskov acrescentou que a Rússia está pronta para manter boas relações com todos os países, mas os EUA e a Europa relutam em aceitá-la.
"O desejo da Rússia de ter relações cordiais é importante [...]. Mas, por alguma razão, Washington, Bruxelas e as capitais europeias teimosamente não querem ouvir isso", concluiu Peskov.