Após quase um ano, o Exército brasileiro anunciou o fim das fiscalizações da Operação Verde Brasil 2, que tinha o objetivo de reduzir crimes ambientais em Roraima.
O balanço indica que foram apreendidos dois helicópteros e 14 aviões de pequeno porte, no período de 11 de maio de 2020 a 30 de abril deste ano, conforme noticiado pelo G1.
Cientista político ouvido pela Sputnik Brasil aponta que o "maior engajamento dos militares em questões domésticas" contribuiu para a queda da presença brasileira no exterior https://t.co/mmPTD28sP3
— Sputnik Brasil (@sputnik_brasil) May 5, 2021
De acordo com o Exército, também foram confiscados 24 veículos, três balsas de garimpo, três embarcações, 18 geradores de energia, 20 motores para garimpo, 37.975 litros de combustíveis, 321 m³ de madeira, sete armamentos e 300 munições de armas de fogo.
Ao todo, foram executadas 1.953 fiscalizações ambientais, em Roraima, pela 1ª Brigada de Infantaria de Selva.
"O Exército Brasileiro, sob a responsabilidade da 1ª Brigada de Infantaria de Selva, atuou em todos os 15 municípios, principalmente naqueles que abrangem a Terra Indígena Yanomami, a Terra Indígena Raposa Serra do Sol, a Floresta Nacional e o sudeste do estado", informou o Exército.
Ricardo Cabral, professor de Relações Internacionais e especialista em assuntos militares, explica que a Verde Brasil 2 foi uma operação de apoio à Polícia Federal, à Receita Federal e a outros órgãos de fiscalização.
Ele destaca que a Força Aérea e a Marinha também tiveram um papel importante de patrulhamento na região, apreendendo armamentos e drogas.
Para além do acolhimento de imigrantes venezuelanos no estado, o especialista afirma que Roraima mereceu uma operação especial devido a "uma série de particularidades", já que abriga duas grandes reservas ambientais e parte da Floresta Nacional.
"É uma área, onde grande parte do estado está, a princípio, sob controle federal, mas são reservas. E devido às limitações dos órgãos de fiscalização, da Funai [Fundação Nacional do Índio], do Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis] e também das Forças Armadas, muitos eventos ilícitos ocorrem nessas regiões. E há necessidade desse tipo de ação periódica. Na minha opinião, que seja feita com mais frequência, para reprimir essas ações ilícitas", afirmou Cabral em entrevista à Sputnik Brasil.
Efetividade contra futuras ações irregulares
Segundo o especialista em Defesa, é improvável que apenas a realização de operações como essa desestimule a ação de grupos criminosos.
Cabral explica que é necessário haver a atuação constante do Estado e dos governos nas regiões mais vulneráveis. Mesmo assim, segundo ele, devido à extensão da Amazônia, é difícil coibir todas as ações ilícitas com a atual capacidade de recursos disponíveis.
"Os meios para patrulha e fiscalização deveriam ser muito maiores. Deveria haver o envolvimento dos estados com muito mais força. Mas, ao que parece, devido à precariedade da infraestrutura dos estados, isso não tem sido efetivo. Então, o apoio dos órgãos federais é fundamental", disse o professor de Relações Internacionais.
O especialista detalha que os órgãos federais precisam de mais aviões, barcos, helicópteros, veículos remotamente tripulados e satélites, que possam auxiliar nas operações, além de ações de inteligência.
"Pelo tamanho das apreensões feitas, vemos como agem com impunidade. Um pequeno levantamento teve grandes apreensões. Isso denota, na minha opinião, a pouca presença do Estado na região, não digo ausência, mas pouca presença, pouca efetividade", afirmou.
O especialista ainda ressaltou a importância da atuação das Forças Armadas não só no controle das fronteiras da Região Norte, mas também no Nordeste, no Centro-Oeste e no Sul.
"As Forças Armadas são uma ação complementar e decisiva para o sucesso dessas operações, que devem ser feitas rotineiramente", destacou.