Na quinta-feira (6) o dólar teve uma forte queda e fechou no menor nível desde meados de janeiro. A moeda fechou o dia vendida a R$ 5,279, recuo de 1,62%, ou R$ 0,087. Na sexta-feira (7), o dólar sofreu outra queda, dessa vez mais suave, encerrando o pregão a R$ 5,228, recuo de 0,93%.
É o menor valor desde 14 de janeiro. A moeda norte-americana acumula queda de 2,8% em maio, com alta de 1,73% em 2021.
Para a economista Juliana Inhasz, coordenadora do curso de graduação em economia do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa), a tendência de queda deve se manter, mas a taxa de câmbio é "muito sensível a qualquer operação, seja interna ou seja externa", o que pode reverter o quadro atual.
"Se a gente considerar o jeito como a economia brasileira está hoje, como o resto do mundo está hoje, a gente de fato tem motivos para acreditar que essa taxa permanecerá em queda. Não uma queda muito acelerada, uma queda lenta. Mas, mantendo muita cautela de que a gente comece a ter acelerações da pandemia aqui, ou piora do ambiente econômico por conta de reflexos da pandemia", afirmou a especialista.
Aumento da Selic
Segundo Inhasz, a mudança no clima econômico brasileiro é resultado, entre outros fatores, do aumento da taxa básica de juros promovida pelo Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central).
Após atingir mínimos históricos, o colegiado aumentou os juros para 3,5% na quarta-feira (5). A sinalização de que o Banco Central aumentará a taxa novamente, em 0,75%, na próxima reunião do Copom, foi apontada como um dos motivos para a forte queda do dólar no dia seguinte. A decisão elevaria os juros básicos de 3,5% para 4,25%.
De acordo com a economista, o aumento da taxa torna o Brasil mais competitivo para atrair investimentos estrangeiros, o que também acaba se refletindo no câmbio.
"Quando a gente olha o que aconteceu no Brasil nos últimos tempos, a gente percebe que o Brasil não cresceu, que a situação econômica se deteriorou bastante, e para acrescentar um elemento novo, a gente também reduziu a taxa de juros de uma maneira significativa, o que fez com que o Brasil perdesse muito da competitividade que tinha frente aos países que são parecidos com a gente. O Brasil ficou menos competitivo, ficou menos atraente", disse a economista.
Expulsão do capital
A especialista diz que "a queda na taxa de juros fez com que a gente tivesse uma expulsão", "empurrando o capital externo para fora".
"Muita gente tinha capital aqui e percebeu que era mais vantajoso investir fora. Então a gente também viu um aumento da taxa de câmbio nos últimos tempos", avaliou a economista.
Agora, segundo a professora, o investidor percebe uma correção de rumos e volta, aos poucos, a buscar o Brasil como destino.
"O ideal é que a gente consiga aliar essa nova política monetária a reformas e ajustes econômicos que consigam garantir que esse capital vai ter motivos para ficar aqui", afirmou Juliana Inhasz.