"Enviamos uma delegação do governo nacional para abordar esta problemática", que conta com a presença do ministro do Interior, Daniel Palacios, "que, neste momento, segundo as minhas instruções, está viajando novamente à cidade de Cali", anunciou o presidente da Colômbia, Iván Duque, em uma declaração sobre a situação na cidade.
Vídeos que circulam nas redes sociais mostram enfrentamentos entre indígenas e cidadãos locais na zona sul de Cali, onde vários veículos sofreram danos e pelo menos um foi incinerado.
Más registros de civiles con armas de largo alcance en Ciudad Jardín. pic.twitter.com/Vn3kb8oNCV
— Jaramillo (@JulianJaraUribe) May 9, 2021
Mais registros de civis com armas de grosso calibre em Ciudad Jardín.
Barricadas con hombres armados en el sur de Cali. pic.twitter.com/VUCxmJJjsT
— Jaramillo (@JulianJaraUribe) May 9, 2021
Barricadas com homens armados ao sul de Cali.
Os indígenas chegaram a Cali provenientes do departamento vizinho de Cauca (sudoeste) em 28 de abril, para participar de uma paralisação nacional indefinida contra o governo central. Durante as manifestações, os indígenas fecharam vias e bloquearam estradas, o que provocou desabastecimento de alimentos e combustível, e teria gerado uma reação violenta dos moradores, provocando fortes enfrentamentos.
"Quero fazer um chamado claro aos membros do CRIC [Conselho Regional Indígena do Cauca]: vemos que a população, neste momento, está sofrendo muito com os bloqueios e rejeita neste momento que se produzam bloqueios adicionais ou que se ameace a sua segurança. Para evitar confrontos desnecessários, eu quero fazer um apelo aos senhores do CRIC para que retornem novamente às suas localidades", disse o presidente.
Além disso, Duque indicou que pediu ao ministro do Interior para que "entre em contato com eles [os indígenas], não para limitar a mobilização, mas para que se entenda que este não é o momento de gerar provocações e confrontos com a sociedade".
Assim, o presidente reiterou o pedido que fez na sexta-feira (7) para que "não haja mais bloqueios nem mais violência" e se retorne à tranquilidade.
A Colômbia completou neste domingo (9) 12 dias de manifestações, que começaram em 28 de abril, em rejeição a um projeto polêmico de reforma fiscal promovido pelo governo, que, diante da pressão dos manifestantes, o retirou no último domingo (2).
Contudo, as manifestações continuaram para exigir outras medidas ao governo, entre elas a retirada do projeto de reforma da saúde, a desmilitarização do campo e das cidades, o cumprimento do acordo de paz com as FARC, e o desmantelamento das organizações criminosas.
A Defensoria e o Ministério Público da Colômbia reportaram um total de 548 pessoas desaparecidas e 26 mortes, em meio aos protestos contra medidas promovidas pelo governo, que acontecem desde o dia 28 de abril https://t.co/aZShiR3V0j
— Sputnik Brasil (@sputnik_brasil) May 8, 2021
Durante as mobilizações contra o governo, foram documentados abusos das forças de segurança, que reprimiram com violência os manifestantes. Há relatos, inclusive, de que alguns agentes chegaram a utilizar fogo real contra as pessoas.
Diante desses abusos, as Nações Unidas (ONU), a Organização dos Estados Americanos (OEA), a União Europeia e organizações de direitos humanos, entre outros, vêm denunciando à comunidade internacional o uso desproporcional da força contra os manifestantes por parte da polícia da Colômbia.