Em uma pesquisa que marca o 200º aniversário da morte do imperador, Parvez Haris, professor da Universidade de Montfort, em Leicester, Reino Unido, argumenta que Napoleão sofreu de "overdose" com óleos essenciais contidos em sua colônia favorita, aplicada loucamente e geradora de graves problemas de saúde que levaram à morte por um tumor.
"Não tenho dúvida de que a água-de-colônia era o principal veneno, embora a coexposição a outros produtos químicos, incluindo o arsênio, tenha contribuído para sua saúde e, por fim, para sua morte por câncer de estômago", explica, conforme citado em comunicado de imprensa da Universidade de Montfort.
De acordo com Haris, que é membro da Sociedade de Química Real britânica, sua crença na toxicidade dos óleos essenciais é apoiada por vários pesquisadores, que argumentam que os líquidos concentrados podem se tornar verdadeiros "disruptores endócrinos" que afetam os hormônios, o que, por sua vez, pode ter levado a vários distúrbios, incluindo o inchaço do tecido mamário (chamado ginecomastia) ou tumores.
Haris diz que há evidências de que Napoleão sofria de um problema de crescimento dos seios, bem como, segundo informações, de um corpo sem pelos, e propensão a convulsões. O professor acredita que todos esses fatores provam que o imperador francês "se envenenou lentamente" com seu amor descontrolado por perfume, apesar de teorias conspiratórias sobre o general militar ter morrido devido à arsênio.
"Para Napoleão, a água-de-colônia era uma espada de dois gumes. Ela o salvou durante suas campanhas e viagens, mas acabou matando-o devido a uma overdose de várias décadas", explica o acadêmico, referindo-se ao poder antisséptico do perfume devido ao álcool contido nele.
"Os investigadores realmente não viram o elefante na sala com a morte de Napoleão. Muitos apontam amostras de cabelo de Napoleão tiradas enquanto ele ainda estava vivo, que tinham altos níveis de arsênio. Mas esta teoria foi refutada, pois a maioria das pessoas durante a era de Napoleão tinha altos níveis de arsênio em seus sistemas por causa do arsênio de medicamentos e cosméticos usados."
Mas Napoleão não estava apenas "banhando seu corpo" em colônia por pelo menos 20 anos, e se tornou "um grande promotor" de sua produção comercial que começou em 1792. O general também costumava beber água de flor de laranjeira com algum óleo essencial, comenta Parvez Haris, que apontou aparentemente faltar sucos de frutas cítricas pelas quais sua Córsega nativa era famosa.
Napoleão costumava encomendar entre 36 e 40 frascos do líquido, de acordo com dados históricos.
"Levava frascos com ele durante suas campanhas militares. Os registros mostram que ele consumia dois a três frascos por dia quando, mesmo agora, as pessoas podem usar um frasco por ano", argumenta o pesquisador.
"Parece que Napoleão ou não estava ciente, ou não se importava com o famoso ditado do médico Paracelso do século XVI, que afirmou que 'O que não é veneno? Todas as coisas são veneno e nada é sem veneno. Só a dose determina que uma coisa não é um veneno'", citou o historiador.
Napoleão Bonaparte morreu em 5 de maio de 1821 na ilha de Santa Helena, onde foi exilado após perder a Batalha de Waterloo. A saúde do antigo imperador havia se deteriorado significativamente nos últimos meses de sua vida, com um câncer gástrico eventualmente determinado como causa primária de sua morte.